Os 42 peregrinos angolanos que estiveram retidos em Israel devido ao agravamento do conflito no Médio Oriente já se encontram em segurança em Angola. A líder do grupo, apóstola Ernestina Matias, relatou os momentos de tensão que o grupo viveu durante a peregrinação, uma experiência agridoce marcada por bombardeamentos, sirenes de alarme e recolher obrigatório em abrigos subterrâneos
“Estávamos no hotel, eu no décimo andar, outros peregrinos no décimo primeiro, e à noite víamos os mísseis a cruzar o céu”, revelou a apóstola à imprensa. Segundo a líder do grupo, sempre que soavam as sirenes, desciam para o bunker, onde se refugiavam.
“Não ficávamos sentados. Orávamos e louvávamos o Senhor”, afirmou, lembrando que, apesar do cenário de guerra, nunca sentiu medo. “As entidades diziam: ‘Não sabemos quem a senhora é e que sangue tem’.
E eu dizia: na segunda-feira, com visto ou sem visto, temos que sair daqui”, sublinhou. O grupo percorreu cerca de 12 horas por estrada, passando pela fronteira de Taba até chegar ao Cairo, no Egipto, sempre “confiando no Senhor”.
Peregrinação interrompida
A missão religiosa não foi cumprida na totalidade. “Sexta-feira e sábado ainda tínhamos lugares por visitar, como o túmulo, o Muro das Lamentações, o Tanque de Bethesda e o Monte Carmelo”, lamentou.
Mesmo assim, os peregrinos visitaram locais emblemáticos como Gadara, a casa de Pedro, sinagogas, o Monte da Transfiguração, o Mar da Galileia, o local da Ascensão e o Jardim do Getsêmani.
“Foi uma jornada de aprendizado, todos os dias nos fechávamos e eu ministrava a palavra. Eles aumentaram a sua fé”, disse a apóstola Ernestina. De acordo com a apóstola, o grupo regressou a Angola profundamente impactado pela experiência espiritual e pelos perigos enfrentados.
“O meu Deus disse: segunda-feira vai. E nós saímos. A missão maior foi confiar, orar e regressar com vida”, concluiu.
Apoio do governo angolano
Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores (MIREX) confirmou no último sábado, 14, que estava a acompanhar de perto os acontecimentos em Israel e a garantir assistência consular e institucional a todos os cidadãos angolanos presentes no território.
Segundo a nota do MIREX, a comunidade angolana no país é actualmente composta por 46 cidadãos — 16 ligados à missão diplomática e 30 civis (incluindo 10 crianças) — além da delegação eclesiástica dos 44 peregrinos agora regressados.
O Ministério reiterou ainda o apelo para que todos os cidadãos angolanos sigam estritamente as orientações de segurança das autoridades israelitas e da Embaixada de Angola em Israel, sublinhando o compromisso em continuar a fornecer actualizações sobre a situação.
“O Ministério das Relações Exteriores manifesta toda a solidariedade e apoio aos cidadãos angolanos e continuará a actualizar oportunamente sobre quaisquer desenvolvimentos relevantes”, lê-se na nota.