O Presidente da República, João Lourenço, concedeu ontem, 10, uma entrevista exclusiva à Televisão Pública de Angola (TPA), que este jornal retoma na íntegra, onde abordou, com um tom firme e directo, os principais temas da agenda nacional e internacional. Um dos pontos mais altos da conversa foi a alegada intenção de candidatura de Higino Carneiro à liderança do MPLA e consequentemente à Presidência da República. João Lourenço desmentiu qualquer apoio ao general reformado, tendo abordado o futuro das eleições, as reformas administrativas em curso, o combate à corrupção e os desafios domésticos e continentais
A primeira questão que eu gostaria de colocar ao Senhor Presidente tem muito a ver com a sua versão. Recentemente, o Senhor recebeu, em audiência, o Presidente da UNITA e nós gostaríamos de saber o que destaca deste encontro com o líder do principal partido da Oposição?
Para um Chefe de Estado, receber o líder da Oposição é a coisa mais normal em qualquer democracia. A única coisa, no caso concreto, é o facto de ter passado um tempo considerável sem que nos tivéssemos encontrado. No entanto, ele é membro do Conselho da República e sempre que há reuniões do Conselho da República participa. Mas há um longo tempo que, por razões que desconheço, ele não pedia audiência. Talvez porque não julgasse necessário. Tão logo nós recebemos o seu pedido de audiência, prontamente concedemos essa audiência, onde, como é óbvio, abordámos questões que têm a ver com a situação política e económica do nosso país
O Senhor Presidente considera que estes encontros deveriam ser realizados com mais regularidade, com menor intervalo de tempo?
Bom, os encontros devem ser realizados sempre que os assuntos o justificarem. Eu estou sempre aberto. Se os tiver que fazer todos os meses, fá-lo-ei, desde que haja matéria que justifique haver essas audiências.
Senhor Presidente, nas declarações que Adalberto Costa Júnior fez à Comunicação Social, falou da necessidade de um diálogo permanente. E o principal objectivo, segundo ele, era desanuviar a tensão política. O que gostaria de perguntar ao Senhor Presidente é: havendo o Parlamento – que é, no caso, o palco para consensos entre os actores políticos -, o Senhor Presidente está a pensar num modelo de diálogo permanente entre o Governo e a UNITA?
Haver mais diálogo para desanuviar o ambiente de tensão, eu acho que é uma forma errada de se estar na política. Nós, todos os actores políticos, devemos é esforçar- nos no sentido de não contribuir para que exista tal tensão política, que não haja factos ou que, se os houver, que sejam o mínimo possível de factos que possam levar à existência da tal “tensão política”. Não é provocar a tensão e depois, como remédio, vir a correr ao Palácio, conversar com o Presidente da República e está tudo resolvido. E, no dia seguinte, voltar a provocar a tensão política. Isto não é solução. A solução é trabalharmos todos dentro da lei, dentro do respeito à Constituição e à Lei, no sentido de que a tal “tensão política” seja afastada.
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