OPaís
Ouça Rádio+
Sáb, 20 Dez 2025
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Jornal O País
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Ouça Rádio+
Jornal O País
Sem Resultados
Ver Todos Resultados

O monólogo do morto

Jornal Opais por Jornal Opais
19 de Maio, 2023
Em Opinião

O tumulto da multidão abafava a sua voz. Por mais que gritasse, ninguém o ouvia. Todos gritam, choram, lamentam, amaldiçoam, mas ninguém ouve a voz do morto. O que diz? O que quer dizer? Ninguém se preocupa.

Poderão também interessar-lhe...

O editor como última linha de defesa da informação

A modernização com características chinesas aos meus olhos

Chegou a minha vez

O mais importante é manifestar a dor da perda.

A dor inexplicável, a dor da perda do morto.

Mas… o inédito aconteceu. Ouviu-se a voz do morto. Transitar para outra dimensão, ir descansar, retornar ao pó, juntar-se ao autor da existência, entre outros, são eufemismos que se dão para amenizar o impacto da dor, a dor da morte.

Entretanto, por mais que se tente, o facto trespassa sempre o escudo contra dor.

É uma das duas certezas entre humanos. Mas ninguém está preparado para aceitar a certeza de que está morto. “Estou morto”. Falou o morto.

“Ouçam-me, estou morto”. Entre espantos e perplexidades, os olhares cruzados dos vivos em volta acusavam alucinações. Será que ouviram o mesmo que eu? Como é possível? É azar! É sorte! É dádiva! Não sei.

Mas o morto falou… Falou para mim. Será que falou para mais alguém? A rectidão sempre foi compensada pela humanidade quando a jornada da vida chega ao fim.

Entre cânticos nostálgicos, lamentações, elogios, ritos fúnebres e demais manifestações, são expressas as pautas da conduta de quem parte.

Se parte bem ou parte mal, isso não vem ao acaso, o bem suplanta qualquer mal que tenha feito, até porque “o morto tem sempre razão”.

Vivia-se esse momento. Quem partia deixava um percurso de bons exemplos. Honestidade, bondade, lealdade, coragem, sabedoria, eram apenas algumas das muitas qualidades que se apontavam.

Era exemplo de uma jornada bem vivida. Por isso, a multidão reuniu-se para a última homenagem. Mas o que ninguém esperava era que o morto falaria no seu dia, o dia do seu enterro.

Decorria a última cerimónia.

A cerimónia de despedida. Cantavam hinos, confundidos com choros e lamentações, típicos dessas ocasiões.

Não se continham os mais próximos, que aos prantos descreviam a falta que os faria o ente querido. Se a morte é uma incógnita, a fala do morto não foi.

“Ouçam-me, estou morto. Estou mesmo morto. Mas isso não impede que eu vos fale. É necessário que eu fale e vou dizer. Morri. Morri porque chegou ao fim o tempo da minha jornada terrena.

Cada um de nós tem o seu cronómetro, uns mais longos que os outros. O meu chegou ao fim. Chegou e não posso negar a minha partida. É um imperativo.

Por mais amor que me tenham, devo ir. Por mais que eu deseje ficar, devo partir. Eu vou. Mas convosco deixo o meu testemunho.

O sabor dessa jornada é a bondade. O alicerce da satisfação é a honestidade. E a coroa do existir é o amor ao próximo.

Ademais, qual é o propósito da existência. Se pudessem ouvi-lo, saberiam os vivos o que quis dizer o morto.

A linguagem do silêncio não é perceptível nessa circunstância… Pensava, “afinal estou mesmo morto, ninguém mais me ouve…”. Assim terminou o monólogo do morto.

 

Por: ESTEVÃO CHILALA CASSOMA

Jornal Opais

Jornal Opais

Recomendado Para Si

O editor como última linha de defesa da informação

por Jornal OPaís
19 de Dezembro, 2025

O jornalismo não se sustenta apenas na notícia que chega ao público. Existe um trabalho silencioso, rigoroso e muitas vezes...

Ler maisDetails

A modernização com características chinesas aos meus olhos

por Jornal OPaís
19 de Dezembro, 2025

O primeiro contacto que tive com a China não foi físico, mas simbólico. Era uma manhã comum em Luanda, e...

Ler maisDetails

Chegou a minha vez

por Jornal OPaís
19 de Dezembro, 2025

Chegou a minha vez. Tudo que tem princípio tem fim; estou de malas aviadas, no “modo avião”, de regresso à...

Ler maisDetails

Todos por Angola, rumo ao CAN!

por Jornal OPaís
19 de Dezembro, 2025
Foto de: DANIEL MIGUEL

Estamos a poucos dias de mais uma grande celebração do desporto-rei no nosso continente. O CAN 2025, que terá lugar...

Ler maisDetails

Agente que socorreu mulher na via pública promovido ao posto de primeiro subchefe

20 de Dezembro, 2025

Téte António destaca avanços da parceria Rússia-África na consolidação da cooperação económica

20 de Dezembro, 2025

Fórum Parlamentar da SADC endereça condolências aos angolanos pela morte de Nandó

20 de Dezembro, 2025

Terceira fase do Programa de Responsabilidade Social do Banco Keve beneficia mais de 730 idosos

20 de Dezembro, 2025
OPais-logo-empty-white

Para Sí

  • Medianova
  • Rádiomais
  • OPaís
  • Negócios Em Exame
  • Chiola
  • Agência Media Nova

Categorias

  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos

Radiomais Luanda

99.1 FM Emissão online

Radiomais Benguela

96.3 FM Emissão online

Radiomais Luanda

89.9 FM Emissão online

Direitos Reservados Socijornal© 2025

Sem Resultados
Ver Todos Resultados
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Ouça Rádio+

© 2024 O País - Tem tudo. Por Grupo Medianova.

Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você está dando consentimento para a utilização de cookies. Visite nossa Política de Privacidade e Cookies.