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O monólogo do morto

Jornal Opais por Jornal Opais
19 de Maio, 2023
Em Opinião
Tempo de Leitura: 2 mins de leitura
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O tumulto da multidão abafava a sua voz. Por mais que gritasse, ninguém o ouvia. Todos gritam, choram, lamentam, amaldiçoam, mas ninguém ouve a voz do morto. O que diz? O que quer dizer? Ninguém se preocupa.

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O mais importante é manifestar a dor da perda.

A dor inexplicável, a dor da perda do morto.

Mas… o inédito aconteceu. Ouviu-se a voz do morto. Transitar para outra dimensão, ir descansar, retornar ao pó, juntar-se ao autor da existência, entre outros, são eufemismos que se dão para amenizar o impacto da dor, a dor da morte.

Entretanto, por mais que se tente, o facto trespassa sempre o escudo contra dor.

É uma das duas certezas entre humanos. Mas ninguém está preparado para aceitar a certeza de que está morto. “Estou morto”. Falou o morto.

“Ouçam-me, estou morto”. Entre espantos e perplexidades, os olhares cruzados dos vivos em volta acusavam alucinações. Será que ouviram o mesmo que eu? Como é possível? É azar! É sorte! É dádiva! Não sei.

Mas o morto falou… Falou para mim. Será que falou para mais alguém? A rectidão sempre foi compensada pela humanidade quando a jornada da vida chega ao fim.

Entre cânticos nostálgicos, lamentações, elogios, ritos fúnebres e demais manifestações, são expressas as pautas da conduta de quem parte.

Se parte bem ou parte mal, isso não vem ao acaso, o bem suplanta qualquer mal que tenha feito, até porque “o morto tem sempre razão”.

Vivia-se esse momento. Quem partia deixava um percurso de bons exemplos. Honestidade, bondade, lealdade, coragem, sabedoria, eram apenas algumas das muitas qualidades que se apontavam.

Era exemplo de uma jornada bem vivida. Por isso, a multidão reuniu-se para a última homenagem. Mas o que ninguém esperava era que o morto falaria no seu dia, o dia do seu enterro.

Decorria a última cerimónia.

A cerimónia de despedida. Cantavam hinos, confundidos com choros e lamentações, típicos dessas ocasiões.

Não se continham os mais próximos, que aos prantos descreviam a falta que os faria o ente querido. Se a morte é uma incógnita, a fala do morto não foi.

“Ouçam-me, estou morto. Estou mesmo morto. Mas isso não impede que eu vos fale. É necessário que eu fale e vou dizer. Morri. Morri porque chegou ao fim o tempo da minha jornada terrena.

Cada um de nós tem o seu cronómetro, uns mais longos que os outros. O meu chegou ao fim. Chegou e não posso negar a minha partida. É um imperativo.

Por mais amor que me tenham, devo ir. Por mais que eu deseje ficar, devo partir. Eu vou. Mas convosco deixo o meu testemunho.

O sabor dessa jornada é a bondade. O alicerce da satisfação é a honestidade. E a coroa do existir é o amor ao próximo.

Ademais, qual é o propósito da existência. Se pudessem ouvi-lo, saberiam os vivos o que quis dizer o morto.

A linguagem do silêncio não é perceptível nessa circunstância… Pensava, “afinal estou mesmo morto, ninguém mais me ouve…”. Assim terminou o monólogo do morto.

 

Por: ESTEVÃO CHILALA CASSOMA

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