Em 2025, Angola continuou a lidar com uma inflação persistente, embora em desaceleração, graças a medidas de estabilização macroeconómica implementadas pelo Banco Nacional de Angola e pelo Governo, como o controlo fiscal e a monitorização de preços.
No entanto, a cesta básica, composta por itens essenciais como arroz, milho, feijão, óleo, açúcar e proteínas animais registou variações ascendentes na quadra festiva, com aumentos ligeiros em Luanda e disparos em produtos importados, agravados pela dependência externa (cerca de 70% dos alimentos são importados).
Esta sazonalidade reflete não só o aumento da demanda por festas familiares, mas também ineficiências na cadeia de abastecimento, especulação e choques climáticos que afectam a produção local. O agronegócio industrial surge como uma solução promissora, mas não isolada.
Em 2025, avanços como a criação de um pólo agro-industrial com a Alemanha para exportação de bens agrícolas, a nova fábrica de açúcar em Malanje (prevendo 10.000 empregos) e o foco em inovação agrícola destacam o potencial para reduzir a dependência de importações e estabilizar preços.
Este modelo integra produção em larga escala, processamento industrial e distribuição eficiente, permitindo maior oferta interna de produtos da cesta básica. Por exemplo, investimentos em agro-indústria poderiam aumentar a produção de cereais e proteínas, mitigando flutuações sazonais ao criar reservas estratégicas e cadeias de valor locais.
Projecções indicam que, com diversificação, o sector agrícola poderia crescer 5-7% anualmente até 2027, reduzindo a inflação alimentar para 13%. Sim, o agrone- gócio industrial pode ser parte da solução, mas exige integração com políticas de sustentabilidade e inclusão para evitar concentração em grandes players e garantir acessibilidade.
Para evitar a inflação sazonal na cesta básica, especialmente na quadra festiva, Angola deve adoptar medidas multifacetadas, alinhadas à Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (ENSAN II), lançada em fevereiro de 2025, que visa garantir disponibilidade de alimentos de qualidade para todos os angolanos.
Isso inclui: – Reforço da fiscalização e controlo de preços: Como o Governo já iplementa em 2025, acções rigoro- sas contra especulação nos mercados, com monitorização em tempo real durante períodos de alta demanda. – Criação de reservas estratégicas: Armazenamento de produtos básicos em escala industrial para liberação durante picos festivos, reduzindo pressões de importação. – Promoção da produção local sazonal: Incentivos a culturas adaptadas ao calendário festivo, como aves e hortícolas, via agronegócio industrial. – Diversificação económica: Seguindo recomendações do FMI, investir em infraestruturas, capital humano e acesso ao crédito para impulsionar o sector não-petrolífero, incluindo agro-indústria. – Adaptação climática e inovação:Uso de tecnologias para mitigar riscos climáticos, como irrigação e sementes resistentes, integradas ao Plano Angola 2025.
Agora, conselhos específicos para impactar decisões em 2026:
– Para o Executivo (Governo): Priorize incentivos fiscais e subsídios direcionados ao agronegócio industrial, como parcerias público- privadas para pólos agro-industriais. Implemente a ENSAN II com metas mensuráveis, como aumentar a produção interna em 20% até 2027, e fortaleça o acesso ao crédito para PMEs agrícolas, reduzindo informalidade e inflação. Invista em infraestruturas logísticas para distribuição eficiente, evitando perdas pós-colheita que agravam preços sazonais.
– Para os Empreendedores: Apostem em modelos integrados de agronegócio industrial, como processamento de cereais e proteínas locais, explorando oportunidades como as 5 ideias de negócios agrícolas para 2025 (ex.: cultivo de caju ou cana-de-açúcar). Foquem na sustentabilidade e inovação, formando parcerias com entidades como o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FA- DA), e diversifiquem para exportação, reduzindo dependência do mercado interno volátil. – Para as Famílias: Planejem orçamentos com antecedência, op- tando por produtos locais e sazo- nais para contornar picos festivos.
Invistam em literacia financeira e consumo consciente, como hortas familiares ou compras em cooperativas, para mitigar impactos da inflação. Apoiem iniciativas comunitárias que promovam o agro- negócio local, contribuindo para uma economia mais resiliente.
Em suma, o agronegócio industrial não é a solução única, mas um motor essencial para combater a inflação sazonal na cesta básica, promovendo autossuficiência e estabilidade. Com compromisso colectivo, 2026 pode marcar uma virada, transformando desafios em oportunidades para uma Angola mais próspera e inclusiva. Que esta reflexão inspire acções concretas no Executivo, no sector privado e nas famílias. Economista
POR: Diogenes Lenga









