É indiscutível que se estejam a viver dias tensos. Aqueles momentos em que os políticos e os amigos do alheio, que não devem, nunca, ser confundidos unicamente como gatunos se aproveitam para tirar o maior e melhor proveito para eles. Agora, com ou sem razão, surgem sempre vozes que buscam vantagens no sentido de se desconsiderar o proponente, embora se pense da mesma forma.
Hoje, por exemplo, aventava-se a hipótese de existir uma paralisação de taxistas, embora uma parte da referida classe se mostre contrária ao propósito, tendo manifestado esta decisão de viva voz. Do outro lado, há um grupo diferente, com objectivos também distintos, mas que, ainda assim, se dizia decidido em avançar com a ideia de, nos próximos dois ou três dias, os azuis e brancos desaparecem tempora- riamente das estradas.
Em cima da mesa está o aumento do preço do combustível, particularmente do gasóleo, acréscimo que fez com que passasse dos 160 para os 300 kwanzas. O que pressupõe que, nos próximos tempos, se registe o mesmo processo em relação à gasolina, que se mantém nos 300 kwanzas, deixando quase todos na expectativa em relação ao valor que virá a custar quando também verificar o mesmo processo que o gasóleo.
Embora aparente existir um apoio de determinados sectores da própria oposição e da sociedade civil às manifestações que ocorreram – assim como às críticas em relação aos aumentos – alguns líderes de partidos políticos e responsáveis de associações há muito que se batiam para a retirada dos subsídios dos preços dos combustíveis.
Até mesmo a UNITA, o maior partido da oposição, que se solidariza com as manifestações relacionadas ao aumento, há muito que se mostrava contrário aos preços anteriores ou, ainda, à manutenção da subvenção que o Executivo mantinha de forma intransigente.
Mais do que simples opinião nesta fase, os pronunciamentos do ainda secretário-geral da organização, Álvaro Chikwamanga, em 2023, apontava para este caminho. ‘A retirada dos subsídios aos combustíveis não é o problema real, porque sempre foi uma necessidade económica do país ”, garantiu, na altura, realçando que ‘a medida devia ser antecedida de maior tempo de sensibilização da sociedade para amortecer o seu impacto’.
Recentemente, numa conferência sobre economia que gerou enormes debates, ficou demasiadamen- te evidente que, a nível da própria liderança política – qualquer que fosse o partido a vencer as eleições –, Angola iria alterar significativamente o preço do combustível, por sinal um dos mais baixos da região da África Austral, influenciando para o contrabando que se assistia em larga escala.
É imperioso que cada angolano, independentemente da sua posição social ou económica, perceba, realmente, por que se deve aumentar o valor do preço do gasóleo e da gasolina, as razões e, consequentemente, os benefícios que poderão advir de tais medidas.
É preciso fazer com que cada um se sinta partícipe deste processo, muito longe das possíveis exigên- cias do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas sim pelas razões internas que nos levarão a compreender, finalmente, que desde muito cedo comercializamos os referidos produtos muito distante dos preços de referência. O que faz com que o Estado não tenha muitos fundos para, posteriormente, se aplicar na construção de estradas, escolas, postos de saúde e outros serviços.