Foi num relatório da Universidade Católica de Angola que se denunciou que a corrupção no país tinha como uma das maiores pontas do iceberg a construção civil. Ao longo dos anos, pelo que se noticiou, terão saído para proveito de alguns cidadãos mais de 100 mil milhões de dólares, tudo através de empreitadas de obras públicas.
Na verdade, o referido sector sempre foi apetecível entre nós. Não é em vão que muitos são os comen- sais e outros interessados capazes de movimentar montanhas para conseguir uma obra. Quer seja uma estrada, uma escola, um posto de saúde. Conta-se que, nos períodos mais nobres da economia angolana, em que o país foi transformado num autêntico canteiro de obras, as empresas quase sempre seleccionadas conseguiram milhares de milhões de dólares norte-americanos.
Houve até algumas firmas que eram quase indiscutíveis nos concursos em que participavam. Vezes sem conta dava a impressão de que parece que não precisavam concorrer. Porque os nomes estavam sempre presentes, apesar de em inúmeros casos a qualidade ser questionada e o tempo de duração um autêntico condutor para a frustração dos cidadãos angolanos beneficiários de tais projectos.
Era risível quando, em certas ocasiões, víamos ministros, governadores, vice-governadores, administradores municipais a ameaçarem responsabilizar judicialmente as empresas ou seus responsáveis.
A verdade é que dificilmente acontecia. E não se trata só de um mal do passado. Nos dias que correm, apesar da aposta no combate à corrupção, ainda existem muitos casos de obras paradas, muitas das quais não por responsabilidade do Estado, mas sim dos próprios empreiteiros.
Enquanto Presidente do MPLA, João Lourenço chamou a atenção para a existência de obras paradas. Garantiu que algumas delas só poderiam estar estagnadas por ausência de verbas por parte do Estado, mas não por conta de outros itens que venham a constar de um caderno de encargos que os empreiteiros sabem de antemão, ou seja, são informados com alguma antecedência. Só que, nos últimos tempos, em vários projectos do Executivo, ainda surgiram infra-estruturas paralisadas.
E o Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), apesar do sucesso, também registou muitos casos semelhantes. Fala-se até de empreiteiros que terão zarpado e outros se transformaram em autênticos incumpridores, um facto que exige severas penalizações.









