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A poesia rap leva o povo ao poder uma cisão política um ano antes das eleições em Moçambique

Jornal Opais por Jornal Opais
10 de Abril, 2023
Em Opinião
Tempo de Leitura: 3 mins de leitura
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Março de 2023 ficará para sempre um mês histórico na história política recente de Moçambique e ficará associado a um drama épico com o rapper Edson da Luz, com o nome artístico de “Azagaia”  “a lança” ao centro.

Com seus textos socialmente críticos e seu forte apelo, sua poesia penetrou no coração e na mente da maioria pobre de norte a sul na cidade e no campo e em grandes partes do mundo e em particular nos países de expressão ou língua oficial portuguesa.

O enorme apoio popular ao Azagaia ficou claro logo depois da sua morte repentina e inesperada em 9 de março de 2023.

A morte do ícone rap tocou os corações e as mentes populares não só dos moçambicanos bem como dos angolanos, guineenses, portugueses pois a música do Azagaia sempre vibrou no mais profundo dos homens e mulheres e sobretudo dos jovens desses países, tal como na década de 60 e 70 a música do lendário Zeca Afonso e tal como os cantores da nova vaga do Brasil durante o período da ditadura militar nestes dois países.

O sociólogo e rapper Azagaia apresentou manifestos de libertação política em forma de poesia rap, que desencadeou a ira e a censura dos centros de poder, mas também um despertar político entre jovens e velhos.

Ele ousou usar um discurso claro e criticar onde outros se calaram: condenou a manutenção das desigualdades políticas, sociais e econômicas no país.

Azagaia se afirmou como um destemido pensador e lutador por uma descolonização real com que a FRELIMO de Machel sonhou há quase cinquenta anos, logo após a independência política em 1975.

Ele criticou as hipócritas ideias econômicas neoliberais defensoras da deificação das leis de mercado que têm beneficiado uma pequena elite nacional e sobretudo as multinacionais através duma exploração predatória e quase desumana do povo moçambicano e os seus legítimos recursos naturais.

Azagaia criticou a dubiedade da comunidade internacional, a sua diplomacia manipuladora e da subjugação das mentes dos moçambicanos em nada ficando a dever ao discurso colonial prenhe de racismo e espírito de superioridade.

“O povo no poder” foi o manifesto de Azagaia um manifesto que ele levou de volta ao povo depois que o movimento de libertação Frelimo o lançou na década de 1960, usou-o para mobilização popular e depois despojou-o de qualquer significado credível logo depois da morte de Samora Machel o homem que inspirou Azagaia a não aceitar a submissão e a clamar pelo povo no poder.

Azagaia ousou praticamente «in Solo» levantar a voz sobre temas que os relatórios políticos e económicos das muitas embaixadas ocidentais nunca se atreveram a denunciar, nem depois das escandalosas dívidas ocultas, onde os empréstimos inconstitucionais foram apenas para os bolsos de alguns líderes moçambicanos.

Infelizmente, mesmo os países nórdicos optaram pelo silencio e aplicaram sanções que em nada afetou os delinquentes que contraíram tais dívidas, mas atingiu duramente o povo moçambicano que teve que suportar a elevada inflação como se não bastassem os flagelos resultantes dos ciclones e secas que têm afetado sem piedade o povo Moçambicano.

Em linha com a concentração cada vez mais forte de poder e concentração de riqueza num punhado de famílias e suas redes, Azagaia, sem receio e movido dum forte sentimento nacional ergueu bem alto a sua voz e gritou “já é tempo de o povo chegar ao poder”.

Por ironia do destino, março de 2023 foi o mês designado pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi para presidir o Conselho de Segurança da ONU onde levou a cabo o seu discurso internacional sobre o papel central da juventude na paz e na construção da nação no país.

Em simultâneo, ordens superiores destacaram a polícia às ruas para reprimir dura e brutalmente as massas de pessoas que se deslocaram por todo o país para prestar uma condigna homenagem ao seu herói Azagaia.

Nos seus 38 anos e muito curta vida, Azagaia foi uma ameaça política e alvo de muitas tentativas de o silenciar.

A violência policial contra as massas populares que queriam assistir ao funeral de Azagaia e prestar homenagem ao seu herói nacional criou uma cisão entre antigos apoiantes políticos. Várias figuras políticas importantes da Frelimo se apresentaram, incluindo o ex-presidente Armando Guebueza, o primeiro-ministro da Justiça Teodato Mondim da Silva Hunguana e disseram que a violência policial foi um erro e que Azagaia é um herói nacional.

A violência policial e a brutalidade desproporcional do funeral fortaleceram o status de Edson da Luz-Azagaia e podem tê-lo tornado um herói popular ainda maior.

O incidente evidencia um enfraquecimento do apoio interno ao actual Presidente Filipe Nyusi a um ano das eleições em que o actual faz exercícios de posto avançado para um terceiro e inconstitucional mandato.

 

Por: Torun Reite

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