Dina Santos é uma das vozes femininas de referência da música angolana, que começou a carreira na década de 60. iniciou no grupo Eitex, passou pelos Kiezos, pelos Jovens do prenda, pelos África Show e, posteriormente, pelos Colvos. A renomada cantora, que segue o legado das conceituadas artistas belita palma e Lourdes Van-Dúnem, com as quais viveu momentos inéditos antes e depois da proclamação da independência, afirmou estar de braços abertos para trabalhar com artistas da nova geração e ajudar na melhoria das suas composições
Dina Santos começou a carreira na década de 60. Que memória guarda dos primeiros passos na música?
Eu comecei a cantar no grupo Eitex. Fui projectada por aqueles que já não se encontram no mundo dos vivos, como o Tonito Fortunato, um dos ícones da música angolana. A minha primeira actuação foi no Chá das Seis, na antiga Rádio Colono, onde se encontram as instalações da LAC, com apenas 16 anos. Depois deste conjunto, fui para a parte urbana, já que naquela altura vivia com os meus tios. Passei para Os Kiezos, porque também estava casada com o Walter Costa. Depois dos Kiezos passei para os Jovens do Prenda, depois para os África Show, conjunto fundado por Massano Júnior, e posteriormente pelos Colvos. Naquela altura tínhamos muitos agrupamentos. Fiz parte da maior parte deles, porque havia um responsável chamado Luís Montes, que formou uma cultura a nível dos bairros, aos fins- de-semana, aos sábados, que se chamava Cotonoca, que significa “brincadeira”. A partir daí, as coisas começaram a evoluir. Havia outros empresários que promoviam eventos culturais, que hoje também já não fazem parte do mundo dos vivos. Antigamente havia muitos centros, muitos mesmo. Hoje é que não temos nada, talvez pela situação que atravessamos. Depois da independência, as coisas mudaram.
O país celebrou os 50 anos de independência nacional. como lembra a fase que antecedeu a dipanda?
Antes de ser proclamada a independência houve muita confusão, muitas perturbações: havia corrida aqui, corrida ali. Ainda não estávamos concentrados nem convencidos de que realmente tinha chegado a independência. Quando foi proclamada, houve tiros de alegria, choros também de alegria. As pessoas gritavam “estamos independentes!”. Todos saíram à rua já sem medo, de manhã, os vizinhos abraçavam- se de alegria… Depois da proclamação da independência, como sabes, houve aquela guerra, aquela agitação. Houve momentos de choro e momentos de alegria. A alegria vinha da esperança de mudança imediata, pensávamos que tudo iria mudar, que teríamos coisas boas logo de início, e a malta acreditou nisso. Mas não sei o que aconteceu. Com o tempo, tivemos de nos sensibilizar e perceber que realmente iríamos mudar o nosso país, ter novas imagens, dar outros passos. E foi o que se deu, é o que estamos a viver agora.









