A bailarina Géssica Pedro e a percussionista Odeth Cassilva estão a representar Angola num projecto de residência artística de intercâmbio cultural entre artistas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e de Timor Leste, que decorre na cidade de Maputo, capital de Moçambique, desde 20 de Agosto e encerra no dia 14 do corrente mês
Denominada “Resistência e Afirmação Cultural” (RAC), é uma iniciativa do programa Procultura, financiada pela União Europeia e gerida pelo Instituto Camões que visa realizar investigações e recriações contemporâneas, conduzidas por jovens mulheres, de manifestações artísticas que ocorreram durante o processo de libertação colonial nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Timor-Leste, bem como das lutas antifascistas ocorridas em Portugal.
O projecto junta cerca de 20 artistas, dos quais dois de Angola e seis de Moçambique, com o intuito de proporcionar trocas de experiências, intercâmbio artístico e cultural, trabalhos conjuntos e uma série de investigações em torno das histórias e das artes dos diferentes países que têm o português como a língua oficial comum.
As duas artistas, que participam da RAC pela primeira vez, se têm destacado pela autenticidade e entrega com apresentam as suas criações, levando os ritmos de Angola para s vários cantos da capital moçambicana.
Em entrevista a este jornal, Odeth Cassilva falou sobre a experiência desafiadora e impactante que têm vivenciado durante as cerca de duas semanas já se encontram em Maputo, destacando o aprendizado contínuo e a troca de ideias e habilidade que têm as proporcionado um aprendizado transformador. “Está a ser uma experiência muito enriquecedora.
Encontrar artistas de diferentes países, com culturas próximas e ao mesmo tempo diversas, tem sido uma oportunidade de partilha, de descoberta e de reinvenção. O ambiente é de grande entrega e inspiração, e sinto-me verdadeiramente privilegiada por viver este momento”, disse a percussionista.
Entusiasmada pela sua participação inédita, Odeth ressalta que o seu papel é representar Angola através da percussão e da música ancestral, trazendo para a residência os sons, os ritmos e as narrativas da nossa tradição.
Projecto Multidisciplinar
Com um total d e20 jovens artistas, o RAC é projecto é multidisciplinar e inclusivo, que integra diversas áreas artísticas, desde música, dança, teatro, artes visuais e performance.
Ao falar de sua experiência neste projecto, Géssica Pedro, uma bailarina que nos últimos anos vem explorando vários ritmos e estilos musicais, embora seja mais amante de kuduro e afrohouse, não esconde a satisfação e o entusiamo em poder representar o país num projecto com uma dimensão internacional. “Com muito orgulho, estamos a representar Angola no intercâmbio dos PALOP’s em Moçambique.
Está a ser uma experiência única de partilha, cultura e união entre nações-irmãs”, expressou a jovem numa publicação nas suas redes sociais. Reforçou que si poder participar da RAC traduz-se numa oportunidade única de aprender, trocar experiências e ampliar horizontes, destacando a possibilidade de absolver novos conhecimentos e habilidades em novos ritmos musicais que podem ser misturados om os ritmos dançantes de Angola.
“Esta residência artística é para mim também um espaço de afirmação da minha identidade como bailarina angolana, enquanto absorvo a riqueza cultural dos outros países presentes”, reforçou a bailarina. O trabalho desenvolvido pelos jovens artistas culminará num espetáculo artístico multidisciplinar, a ter lugar na cidade moçambicana de Maputo, dentro de três semanas.
Sobre as artistas
Natural de Luanda, Géssica Pedro é uma jovem artista bailarina formada em contabilidade, que combina a arte e outras valências do mundo profissional. Destaca-se no universo das artes, destaca-se através da sua participação em relevantes espectáculos de dança como festivais e a sua passagem pelo BAI Dança com Ritmo, um dos mais prestigiados concursos de dança de Angola. Já Odeth Cassilva ou simplesmente Cassilva, como é trada pelo público, é uma artista multidisciplinar.
É cantora, instrumentista, especialista em percussão e alguns instrumentos musicais tradicionais de Angola. Activista cultural, é fundadora do projecto Percussão Angola. Sua trajectória artística abrange concertos, projectos educativos e colaborações com artistas nacionais e internacionais.