Quase uma semana depois, ainda existem muitos aspectos a reter no discurso feito pelo Presidente do MPLA, João Lourenço, no acto político que marcou as celebrações do 69.º aniversário da fundação desta organização política. Não há dúvidas de que, neste momento, quase todos os angolanos estão expectantes em relação ao substituto do Presidente da República, encontrado no Congresso que o partido no poder vai realizar no próximo ano.
De uma vez por todas, enquanto alguns, de forma quase irresponsável, ainda vão alertando para a possibilidade de um terceiro mandato, João Lourenço descartou-o. Até ao Congresso de 2027, ainda se esperam muitas novidades, a julgar pelo interesse que o assunto encerra. Aliás, não é em vão que alguns recados foram dados pelo próprio, prevendo-se, claramente, um conclave interessante que irá mobilizar os olhares dos apreciadores da política, dos militantes e simpatizantes.
Para já, apesar dos alaridos, é normal, sim, que nesta fase do campeonato político existam algumas preferências por parte de quem dirige em querer encontrar um melhor comandante do navio. Desde que não se firam as regras de jogo, muitos são os políticos ao longo da histórica política que acabaram por dar palpites sobre os seus sucessores, havendo até quem, num determinado momento, começasse mesmo já a ser gizado para no futuro assumir o leme. Distante dos jogos de sorte — ou até mesmo das escolhas feitas pelos militantes — os bastidores sempre foram palcos de manifestações e jogadas super interessantes.
Quando há pouco tempo voltei a ver uma fotografia de Barack Obama, por exemplo, carregando um casaco do também então Presidente dos Estados Unidos, convenci-me de que, mais do que vontade, as escolhas em política podem acontecer antes mesmo de uma maioria imaginar.
Há quase 10 anos, quando assumiu os destinos do país, segundo informações que circularam, foi voz corrente de que a opção pelo Presidente da República terá contado igualmente com o beneplácito do malogrado Presidente José Eduardo dos Santos e de outros pesos- pesados no país.
A menos de dois anos do fim do segundo mandato, esperando ser substituído por quem faça o mesmo ou melhor, é expectável que nesta fase almeje que o país possa ter alguém que conclua muitos dos projectos em curso e também possa manter o dinamismo que se observa em certos domínios.
Nas últimas quatro décadas, apesar da guerra civil, que culminou, em 2002, com a morte de Savimbi, a corrupção sempre foi um dos maiores cancros. É visível a forma quase despudorada com que alguns se enriqueceram, sem qualquer pejo, tornando até o país refém dos seus apetites em muitas áreas.
E embora se tenha atirado quase a toalha ao tapete, devido à especificidade que um combate ao fenómeno exige, ainda assim é preciso que, para os próximos tempos, não nos calhe um Presidente da República que baixe a cabeça perante aqueles que ainda se alimentam no erário ou buscam meios fraudulentos para viverem confortavelmente em detrimento de um povo que há muito clama por dias melhores.









