Depois do anúncio feito no final da última reunião do Bureau Político do MPLA, informando a indicação de Adão de Almeida para substituir a então presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, o assunto dominou as principais cadeias de informação.
E previa que, quando esta troca ocorresse, existiria mais suspense em torno da saída da política e da entrada em cena do jovem político. Ao tomar posse, ontem, numa cerimónia revestida de muito simbolismo, o que iria ser dito por um e outro permitiria adivinhar o que o futuro aguardava para cada um deles.
É ponto assente que nada indicava uma saída quase que meteórica de Cerqueira; porém, quanto ao antigo chefe da Casa Civil do Presidente da República, são vários os cenários que se vêm traçando, não sendo qualquer sacrilégio que o seu nome vem sendo indicado, instantemente, entre os vários presidenciáveis que possam existir no seio dos camaradas.
Em todo o caso, embora ainda faltem cerca de dois anos para o próximo pleito, o mais novo presidente do Parlamento já adiantou ao que vem durante este mandato. Pretende fazer da Assembleia Nacional uma verdadeira casa da democracia, com diálogo e aproximação dos cidadãos, assim como restabelecer o processo que finalmente poderá ligar Angola à realização das suas primeiras eleições autárquicas.
Descrito por algas como um processo ainda complexo, nos últimos tempos, foram alcançados consensos, os quais permitiram com que a maioria das leis que constam do Pacote Legislativo Autárquico fosse aprovada. Actualmente, o partido no poder e as forças da oposição, com a UNITA à cabeça, divergem quanto ao último documento: a implementação das autarquias.
Quem acompanhou inicialmente os momentos da indicação de Adão de Almeida para o cargo e as reacções furiosas de alguns círculos da oposição, incluindo da própria UNITA, fazia prever que a sua eleição pudesse contar com votos contra. Aliás, a pressa com que alguns deputados desta organização vieram a público emitir as suas ideias, alguns até em artigos de opinião, contrasta com a aceitação do nome e o sentido de voto ontem, segunda- feira.
Espera-se, entretanto, que este venha a ser um sinal evidente de que o novo presidente da Assembleia Nacional, apesar de estarmos a menos de dois anos do pleito de 2027, consiga obter os consensos necessários que levem a que não seja a partir da Casa das Leis que se encontrem os estrangulamentos que possam atrapalhar os vários processos em curso.
Conhecedor dos meandros da administração do Estado, desde as comunas aos vários municípios, incluindo as linhas com que se ‘coseu’ a Nova Divisão Político- Administrativa, Adão de Almeida pode ser, hoje, um novato a nível do Parlamento, mas igualmente uma mais-valia até para se poderem ultrapassar determinadas barreiras ainda existentes.
Claro está que a sua posição enquanto presidente da Assembleia Nacional exigirá do político uma posição de maior equilíbrio, tendo em conta a correlação de forças na instituição. Mas, a experiência acumulada ao longo da sua carreira poderá ajudar a imprimir uma outra dinâmica, sobretudo nesta fase em que nos aproximamos aceleradamente de 2027.









