A os poucos, parece que a política vai evidenciando novos modelos de actuação e afirmação. Distante dos debates tradicionais, o espaço público angolano testemunha acções muito distantes daquilo que os debates tradicionais sempre nos deram a ver.
Há quem diga que seja o advento das redes sociais, assim como de actores que, num ápice, se vão tornando influencers ou pseudoactivistas nas sociedades mais virtuais do que naquelas em que, para muitos, se arrogarem alguns títulos exigiria um certo conhecimento.
No passado, tanto em épocas pré-eleitorais como depois, o habitual foi sempre ver cara-a-cara, em confronto directo, indivíduos de famílias políticas distintas. Ou até mesmo de partidos políticos com ideologias iguais ou diferentes, debatendo questões ligadas à economia, saúde, política partidária, segurança pública, cultura, por exemplo. Infelizmente, nos dias que correm, o jogo mudou.
Alterou completamente. A contenda verbal oferece oponentes distintos, mesmo que os dois não tenham conhecimento sobre os assuntos em debate, muitos dos quais parecem não merecer muita preparação. O importante, como diriam alguns, é conseguir likes e uma certa afirmação do referido palco, que, se diga, podem acabar por dar também alguns votos.
Muito por conta dos próprios actores políticos, não nos espantemos se esse modelo, distante dos tradicionais ou convencionais, que ao longo dos anos fez estradas em várias escolas pelo mundo, se perpetue à medida que nos aproximarmos do pleito.
A febre dos podcasts, uma nova forma de comunicação, poderá empurrar os contendores para este novo caminho, em que poderá não haver regras.
Como gostaria que, no futuro, sobretudo nos próximos pleitos, se pudesse ter frente-a-frente indivíduos com algum conhecimento debatendo em pé de igualdade, contrariamente aos rolês, como diriam os brasileiros, entre críticos e defensores, ou entre amados e odiados. É bem verdade que, em determinadas fases, se questionam alguns modelos políticos.
Até mesmo a democracia, em determinados momentos, é posta em causa, incluindo em países que aderiram ao sistema durante mais anos do que Angola, mas, ainda assim, há aspectos que é preferível preservá-los do que assistir à decadência dos últimos dias.
À semelhança de muitas acções mal tomadas, o populismo, embora atraia votos, acaba por ser nefasto ao longo do tempo. Daí a necessidade de se nivelar certos processos, mesmo que em causa esteja a busca por seguidores ou futuros eleitores.
Não nos espantemos se depois, quando alguns procurarem ajustar, buscando contendores sérios, encontrem relutância por parte de outros por não desejarem confrontar quem não tenha, no mínimo, um critério mais sério de escolha de palcos onde, na verdade, se pode debater o país e os seus problemas.









