É quase um ritual. Ano sim, ano não há sempre informações de desfalques financeiros em grandes empresas nacionais, realizado sobretudo por jovens em que se esperava uma postura de maior lisura.
Recentemente, teve início a instrução contraditória do famoso caso AGT, em que um grupo de funcionário da instituição está sendo acusado de ter defraudado dos cofres públicos sete mil milhões.
Uma cifra, ao que se diz, que terá servido para adquirir residências, casas no exterior e até erguer alguns empreendimentos, alguns dos quais acabaram por cair já na alçada da própria justiça.
São no total cerca de 40 envolvidos. Alguns dos quais em Luanda e outros que acabaram por se deslocar ao país depois de terem andado radicado na Europa, mormente em Portugal, onde terão adquirido algum património.
Antes descritos como um verdadeiro futuro da nação, hoje muitos jovens vão sendo acusados se terem transformado em autêntico perigo para as empresas quem que labutam.
Tudo porque não tem sido fácil para muitos deles resistirem ao enriquecimento fácil, descurando carreiras sólidas que seriam bem construídas e com frutos no futuro.
Depois dos vários mil milhões de Kwanzas saca- dos da Administração Geral Tributária, esta semana fomos surpreendidos por mais um roubo gigantesco.
Desta vez a vítima terá sido uma em- presa cujas contas estavam domiciliadas no Ban- co Angolano de Investimentos (BAI), sedeada no Cuanza-Sul, cujas informações apontam para um rombo de cinco mil milhões de Kwanzas.
Há alguns anos, numa entrevista que concedeu a este jornal, um dos responsáveis do Sindicato de Trabalhadores Bancários chamava a atenção para o crescente número de jovens que de forma recorrente são encarcerados por colocarem as mãos em dinheiro alheio.
A ânsia por enriquecimento fácil, prosseguindo intentos de outros que tenham condições materiais mais favoráveis, está a encurtar a trajectória de muitos jovens.
Alguns deles, por incrível que pareça, estão dotados de conhecimentos técnicos e científicos que lhes permitiria um dia crescer nas organizações em que estão e atingir, seguramente as condições financeiras que hoje almejam a qualquer custo.
Num passado não muito distante – e de má memória para o país – apontava-se os dedos a uma geração de mais velhos como sendo a culpada por se ter enraizado a corrupção e o roubo quase que generalizado dos fundos públicos. Não se trata de nenhuma heresia o que ainda se diz.
Porém, os mais novos não parecem querer perder a carruagem e vão seguindo as peugadas de forma extremamente agressiva.
Não deixando de parte qualquer oportunidade que se tenha, mesmo isso lhes custando o futuro e uma imagem que se poderia preservar.