Ivone Peladeira é o nome de uma futebolista angolana que deverá rumar, nos próximos dias, para a Namíbia, onde irá reforçar uma equipa local.
Numa conversa que manteve ontem com um jornalista, a jovem realçou o desejo de continuar a marcar golos e explicou as razões que lhe levaram a escolher o conjunto namibiano, embora existissem outros interessados nacionais no seu passe.
Além das condições financeiras, a sua opção teve como base outras nuances que poderão favorecer em termos de materiais desportivos a sua equipa em Malanje. Sem quaisquer receios, nu- ma conversa linda de se ouvir, a rapariga explicou tim-tim por tim-tim quanto deverá ganhar na Namíbia, além de cursos e outras regalias que terá acesso a partir dos próximos meses.
Embora se trate de um negócio particular, a lisura com que parece ter corrido o processo deixa confortante a jovem e a sua própria equipa. À semelhança do que ocorre noutras partes do mundo, não houve qualquer receio em se anunciar os montantes envolvidos na operação.
Depois de ter escutado a jovem, veio-me à memória a recente conferência de imprensa da Federação Angolana de Futebol, em que o presidente desta organização, Alves Simões, recusou-se a mencionar quanto é que se vai pagar ao actual técnico dos Palancas, Patrice Boumelle.
Escudando-se numa cláusula de confidencialidade, o responsável da FAF não aceitou abrir o jogo quanto ao salário que o técnico irá auferir, uma informação que é do interesse de muitos, uma vez que será pago com dinheiro público.
Ou seja, será do erário que sairão os valores, razão pela qual, em nome da transparência e até mesmo credibilidade da instituição, seria de todo viável que se prestasse a devida informação.
Hoje, no mundo do futebol, já não existem segredos do género. Em muitas selecções ou clubes de futebol, é prática saber-se o que se paga aos treinadores, uma iniciativa que possibilita até que não se fuja ao fisco, sobretudo em realidades em que as acções fiscais são rigorosamente acompanhadas.
Ao que tudo indica, a actual gestão da FAF não tenciona fornecer muitas informações, mantendo muitas das suas decisões numa espécie de segredo de Estado.
Trata-se de um acto que vai fazer com que não se consiga escrutinar prontamente a equipa, quando se sabe que muitas das vezes é através da praça pública que se apela a mais finan- ciamento e apoios por parte do Estado e de muitas empresas públicas.
Não nos espantemos se, nos próximos tempos, venham a apelar por estes apoios. Caso aconteça, seria bom que os contribuintes levassem como condição para se apoiar que não houvesse segredos em relação ao que se paga, por exemplo, ao técnico francês, que vai levar a equipa ao campeonato africano em Marrocos.