A União dos Escritores Angolanos (UEA) promoveu, no seu auditório em Luanda, uma sessão especial dedicada à literatura moçambicana, com destaque para a apresentação do romance Chave de Areia, do escritor Bento Baloi, presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação de Escritores de Moçambique
A actividade, enquadrada na rubrica “Maka à Quartafeira”, contou com a presença da Embaixadora de Moçambique acreditada em Angola, Eduarda Joana, acompanhada por uma delegação diplomática.
Estiveram também presentes escritores dos dois países, familiares, estudantes, críticos literários, especialistas na matéria, além dos escritores Bento Baloi e Hélder Simbad, que fez a mediação e leitura crítica da obra.
Na abertura do evento, o secretário-geral da UEA, Lopito Feijó, destacou o compromisso da instituição com o intercâmbio cultural entre Angola e os países lusófonos, referindo que “a literatura é uma ponte de diálogo e reflexão em torno da nossa identidade africana e comum.”
Durante a apresentação, Bento Baloi afirmou que a sua literatura se baseia na história recente de Moçambique, especialmente no período pós-independência, trazendo à tona fenómenos sociais, políticos e económicos pouco conhecidos pelas novas gerações.
Em Chave de Areia, Baloi mergulha no mistério que envolve a morte do primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel, ocorrida em 1986, num acidente aéreo ainda envolto em incertezas.
O autor analisa duas principais teorias: a de um atentado atribuído ao regime do apartheid sul-africano e a de um erro técnico por parte dos pilotos soviéticos. “Ainda hoje os moçambicanos não sabem se foi acidente ou atentado”, afirmou o autor, sublinhando que a obra resulta de uma investigação pessoal em busca de respostas.
Sobre a língua portuguesa, Baloi referiu que esta desempenha um papel unificador na literatura moçambicana, mesmo coexistindo com diversas línguas locais. Salientou ainda a importância da literatura oral tradicional, que continua presente nas suas obras, através de contos e narrativas populares.
Ao comentar sobre a celebração dos 50 anos de independência de Angola, o escritor expressou alegria por participar neste momento histórico.
A embaixadora Eduarda Joana reforçou a importância da ocasião. “É uma grande honra viver este momento com o povo angolano, sobretudo após tantos desafios superados. Celebrar 50 anos em paz e desenvolvimento é motivo de orgulho para todos nós.”