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Angolanidade e identidade cultural no Cerimonial e Protocolo

Jornal OPaís por Jornal OPaís
22 de Setembro, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 6 mins de leitura
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A quando da VIII Conferência Internacional sobre Cerimonial e Protocolo, realizada em Benguela, nos dias 28 e 29 de Agosto de 2025, coube-me apresentar o tema “Angolanidade e Identidade Cultural no Cerimonial e Protocolo.” A sua razão de ser está relacionada ao facto de Angola ser um país com uma rica diversidade cultural tendo em conta a multiplicidade de grupos etno-linguísticos que habitam no seu território.

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Deste modo, a referida multiculturalidade deve ser igualmente aproveitada no domínio do cerimonial e protocolo, o que, de resto, acaba sendo um elemento de afirmação da nossa angolanidade e africanidade. Somos um povo de matriz maioritariamente bantu e, por isso, esta circunstância deve necessariamente ser reflectida no cerimonial e protocolo.

Assim sendo, ao longo deste artigo abordarei os possíveis domínios de aplicação da angolanização do cerimonial e protocolo, nomeadamente no folclore, na indumentária, na gastronomia, na imagem cénica, no tratamento das autoridades tradicionais, no alembamento e em cerimónias funebres.

Finalizarei apresentando as minhas conclusões e recomendações. Relativamente ao folclore, enquanto forma de manifestação cultural dos nossos povos, herdadas dos ancestrais, é vasto o leque de opções ao dispor dos profissionais de cerimonial e protocolo.

Refiro-me, essencialmente, à dança e à música. A introdução de momentos culturais nos programas das cerimonias oficiais acaba por representar um regresso às nossas origens e às nossas tradições, conforme defendeu o Presidente Agostinho Neto no seu poema “Havemos de Voltar”.

Neste sentido, a dança suaviza a rigidez do protocolo e humaniza ainda mais a convivência social entre os participantes a um determinado evento. O caso mais paradigmático talvez tenha ocorrido em Benguela, em 2024, no Aeroporto Internacional Paulo Teixeira Jorge, aquando da recepção do Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden.

Na ocasião, correram o mundo, as imagens do Presidente americano rodeado por dançarinos do Grupo Bismas das Acácias. A dança de Joe Biden terá mesmo sido elevada à condição de um postal da sua visita à Angola. Logo, os profissionais de cerimonial e protocolo devem procurar inserir a dança na organização de eventos.

Ao fazê-lo, todavia, deve ser feita resistência à tentação de mobilizar-se geralmente os mesmos grupos de dança, o que acabaria por empobrecer os eventos devido à monotonia folclórica.

Há, pois, que ser suficientemente inclusivos de modo a abarcar os mais diversos fazedores da cultura: dançarinos, marimbeiros, percussionistas, entre outros. Felizmente, neste particular, em Angola não existe escassez de diversidade folclórica, o que vai desde os Bacamas em Cabinda à Tchianda nas Lundas, desde a Rebita em Luandaao Olundongo no Huambo, para apenas mencionar estas.

Quanto à música, servem as considerações feitas à respeito da dança. Entretanto, não posso deixar de frisar que a chamada música tradicional é aquela que, provavelmente, um visitante estrangeiro mais quererá ouvir pelo facto de estar ancorada na alma dos nossos povos. Há que ter cuidado em procurar incluí-la, também, nos momentos culturais. Refiro-me, por exemplo, à Grupos tais como os jovens do Hungu, Kilandukilo, Moyoweno, entre outros.

No que diz respeito à indumentária, é sabido que o rigor do protocolo obriga, inclusive, ao uso de um determinado traje tendo em conta a natureza do evento. É comum o convite indicar o traje apropriado, o chamado dress code. Nesse sentido, tem sido recorrente, em relação aos homens, considerar o traje formal como sendo apenas o fato e a gravata, proceder que inibe que os convidados façam o uso de trajes africanos.

Por essa razão, defendo que, nos convites, se coloque a formula “traje: formal/nacional”, por sinal mais inclusiva e conciliadora com a nossa real identidade africana. A propósito, temos constatado como, nas cerimónias de outorgas de condecorações alusivas aos 50 Anos da Independência Nacional, alguns dos homenageados fazerem uso de trajes tipicamente africanos, o que em nada reduz a solenidade do acto.

Muito pelo contrário, isto é um sinal diferenciador do nosso cerimonial e protocolo. Entretanto, devo reconhecer que, no que diz respeito ao traje feminino, o seu uso recorrente, em actos oficiais, já é um facto. Quanto à gastronomia, ela é, igualmente m, uma forma de vender a Marca “Angola”..Não é, aliás, por acaso, que se defende que a gastronomia também é um instrumento de diplomacia; daí a referência à chamada diplomacia gastronómica.

Nesta conformidade, os organizadores de eventos devem privilegiar a nossa rica culinária, sem que isso, porém, signifique que o menu tenha de ser unicamente composto por pratos e bebidas nacionais. Há que oferecer a oportunidade dos nossos visitantes degustarem os nossos pratos e os quitutes da terra, sendo que eles até podem ser elementos de atracção turística.

Relativamente à imagem cénica, trata-se de um conceito que, no entender da Presidente da Organização Internacional de Cerimonial e Protocolo, Elianne Ubillús, incorpora aspectos visuais relativos à comunicação do evento, não se reduzindo, por isso, apenas à decoração.

Os organizadores de eventos devem estar cientes da mensagem que se pretende transmitir com a sua realização de modo a obter a correspondente imagem cénica. Se, por exemplo, o que se pretende é comunicar sobre a prevenção do cancro da mama durante o Outubro Rosa, então fará todo o sentido que a cor rosa seja prevalecente na imagem cénica criada.

Assim sendo, defendo que, no cerimonial e protocolo, deve existir o cuidado de se angolanizar a imagem cénica, com destaque para a decoração. Um exemplo desse facto foi observado aquando da já referida VIII Conferência Internacional sobre Cerimonial e Protocolo, em que foram utilizados elementos decorativos típicos da Província de Benguela, como é o caso do “pano pindali”, esculturas e peças de artesanato locais.

Passo, agora, a falar do lugar das autoridades tradicionais no cerimonial e protocolo. Estas autoridades, que representam um poder secular, têm inclusive reconhecimento constitucional. Embora ainda não exista uma lei definidora da Precedência Geral do Estado, deve ser-lhes atribuído o devido tratamento protocolar considerando o seu papel de representantes e guardiões dos costumes das comunidades.

Elas transportam consigo regras próprias de cerimonial e protocolo que devem, por isso, ser conhecidas pelos profissionais da área, sob pena de gerar-se eventuais animosidades e incompreensões.

Quanto ao protocolo social, não posso deixar de referir-me ao casamento tradicional, também conhecido por alembamento. É uma cerimónia carregada de bastante peso do ponto de vista dos rituais, das tradições, dos hábitos e dos costumes. É importante, pois, preservar estas tradições mesmo quando um dos noivos seja estrangeiro. É nisso, também, que se afirma a nossa angolanidade.

Ter-se, entretanto, em atenção que o alembamento, embora seja comum aos vários grupos etnolinguísticos de Angola, a sua forma de manifestação pode conhecer variações em cada um deles, o que pressupõe um conhecimento prévio das suas regras.

Ainda quanto ao protocolo social, assiste-se, nos últimos tempos, a uma crescente angolanização da cerimónia de outorga de diplomas universitários. Já há, inclusive, becas com adornos africanos.

Este é um desenvolvimento que merece ser enaltecido. Não gostaria de terminar sem me referir às cerimónias fúnebres, que, entre os angolanos e africanos, são envoltas de elevado simbolismo com reflexo imediato nos procedimentos relativos à sua organização.

É por essa razão que, por vezes, no caso da morte de uma entidade pública, pode existir um potencial de conflitualidade entre o interesse público (estatal) e o interesse da família do malogrado.

O que se aconselha, nestes casos, é procurar harmonizar estes interesses, sem afastar o entendimento de que, entre os povos bantu, o corpo do malogrado pertence à família.

E são os costumes do grupo etno-linguístico dessa família que geralmente comandam a realização do funeral, pelo que o profissional do cerimonial e protocolo os deve conhecer.

Feito este percurso, pode-se, então, afirmar que é importante conhecer a identidade cultural de Angola devido ao seu reflexo ao nível do cerimonial e protocolo. Entretanto, considerada a diversidade de grupos etno-linguístico, os profissionais do sector devem conhecer os hábitos e costumes das respectivas regiões de actuação.

Estas premissas permitirão, então, aprofundar a angolanização e a africanização do nosso cerimonial e protocolo, como elemento de afirmação da nossa matriz e identidade cultural.

Por: HILDETH COIMBRA

Presidente da Associação dos Profissionais do Cerimonial e Protocolo de Angola (APCPA) e Antiga Chefe da Divisão de Protocolo da Assembleia Nacional

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