OPaís
Ouça Rádio+
Qua, 24 Dez 2025
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Jornal O País
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Ouça Rádio+
Jornal O País
Sem Resultados
Ver Todos Resultados

O papel das bibliotecas comunitárias na inclusão social e no fortalecimento da cidadania

Jornal OPaís por Jornal OPaís
8 de Setembro, 2025
Em Opinião

As bibliotecas comunitárias têm-se consolidado como espaços fundamentais para a promoção da inclusão social, da cidadania e do acesso democrático à informação. Mais do que centros de empréstimo ou consulta de livros, essas bibliotecas surgem como iniciativas autónomas, enraizadas nas comunidades, principalmente em territórios marcados por desigualdades históricas e ausência ou escassez de políticas públicas concretas de acesso ao livro e à leitura.

Poderão também interessar-lhe...

Merenda escolar: uma realidade ou exibicionismo discursivo?

Carta do leitor: A sauna

É de hoje…Vandalismo ao rubro

A primeira característica a destacar destes tipos de bibliotecas, segundo Machado (2010), é o papel das bibliotecas comunitárias como instrumentos de empoderamento popular; outra é que estas bibliotecas são construídas e geridas pela própria comunidade, sendo estes maioritariamente voluntários, possibilitando assim o acesso à leitura e à informação de forma horizontal, promovendo autonomia e sentimento de pertença, como observa o dito popular: “conhecimento é poder”.

Nestes espaços, o conhecimento aqui mencionado adquire um sentido colectivo e transformador. Em geral, essas bibliotecas surgem em bairros periféricos e comunidades vulnerabilizadas, como resposta à ausência ou à ineficácia das políticas públicas formais. Deste modo, tornamse polos de educação, cultura e articulação social, promovendo uma verdadeira apropriação do território por parte dos seus moradores.

A título pessoal, por causa de trabalhos académicos e investigação científica, tive a oportunidade de visitar algumas bibliotecas comunitárias, a citar: a Biblioteca Comunitária Contr’Ignorância, a Biblioteca Comunitária 10padronizada, a Biblioteca Comunitária do Kikolo, localizadas no Rangel, em Viana e no Kikolo, na província de Luanda – Angola, respectivamente.

Fruto da observação, um diferencial fundamental dessas bibliotecas em relação às públicas é o modelo de gestão participativa. A comunidade está presente em muitos dos processos: escolha do acervo, planeamento das actividades e definição de prioridades.

Esse modelo rompe com estruturas centralizadas e estimula práticas democráticas de cooperação, criando ambientes de aprendizado colectivo e transformação cultural. Diferente da participação meramente formal ou protocolar, a escuta activa da comunidade, nestes espaços, fortalece o vínculo entre os moradores e a biblioteca, tornando-a um lugar vivo, relevante e dinâmico. Entretanto, vale igualmente destacar: apesar do impacto social evidente, as bibliotecas comunitárias ainda enfrentam desafios significativos relacionados ao reconhecimento institucional – outra observação verificada no processo de pesquisa para a materialização da minha monografia, cujo tema debruça sobre o impacto das bibliotecas comunitárias no desenvolvimento da sociedade angolana.

No mesmo constata-se que, de certa forma, estas bibliotecas permanecem invisíveis às políticas públicas oficiais, que são orientadas por modelos ainda tradicionais de gestão e funcionamento de bibliotecas. Há ainda, noutro ponto de vista, uma lacuna entre as diretrizes nacionais/internacionais e a realidade vivida nesses espaços.

Por exemplo, Machado (2010), a investigadora brasileira, argumenta que, para que as bibliotecas comunitárias sejam sustentáveis e continuem desempenhando o seu papel social, é necessário que políticas públicas: 1) respeitem e reforcem a sua autonomia; 2) incentivem a sua integração em redes mais amplas de cultura e informação; 3) garantam suporte técnico, formação e financiamento estável; e 4) reconheçam as especificidades territoriais e sociais de cada comunidade.

Outra observação que também carece da nossa atenção é o perfil dos mediadores culturais — acrescenta a investigadora. Muitas vezes, não são profissionais bibliotecários, mas líderes comunitários e agentes culturais. Isso reconfigura o papel do profissional da informação, aproximando-o da realidade local e do trabalho social, promovendo práticas mais horizontais e inclusivas.

É importante também destacar que as bibliotecas comunitárias, como a Biblioteca Comunitária Contr’Ignorância, a Biblioteca Comunitária 10padronizada, a Biblioteca Comunitária do Kikolo e muitas outras, não apenas democratizam o acesso à informação — elas também se afirmam como espaços de resistência cultural.

Valorizam as vozes locais, resgatam saberes tradicionais e criam espaços de expressão colectiva, fazendo destes territórios lugares onde cultura, memória, educação e cidadania se cruzam.

Por estes e outros motivos descritos neste texto, creio que reconhecer e apoiar as bibliotecas comunitárias é, em última instância, investir na justiça social, na diversidade cultural e na construção de uma cidadania activa e transformadora. Mais do que livros, elas são espaços vivos, moldados pela comunidade e para a comunidade, revelando o imenso potencial da participação social como ferramenta de inclusão e desenvolvimento.

Por: ADILSON ALFREDO ADÃO DIAS

Jornal OPaís

Jornal OPaís

Recomendado Para Si

Merenda escolar: uma realidade ou exibicionismo discursivo?

por Jornal OPaís
23 de Dezembro, 2025

Alimentar-se de forma saudável sempre foi peculiar para o desenvolvimento integral de todos os indivíduos. Neste âmbito, surge a necessidade...

Ler maisDetails

Carta do leitor: A sauna

por Jornal OPaís
23 de Dezembro, 2025

Caro coordenador do jornal OPAÍS, saudações e votos de óptima terça-feira! A sauna parece inofensiva, aquele calor “relaxante” que promete...

Ler maisDetails

É de hoje…Vandalismo ao rubro

por Dani Costa
23 de Dezembro, 2025

Quase uma semana depois de o Ministério da Energia e Águas ter anunciado que havia um corte no fornecimento de...

Ler maisDetails

Tombar à Patrice Beaumelle

por Jornal OPaís
23 de Dezembro, 2025

O futebol é o desporto-rei. É uma “religião”, pagã ou não, todos cabem na festa da bola. É uma indústria....

Ler maisDetails

Secretário de Estado visita hospital “Reverendo Guilherme Pereira Inglês”

23 de Dezembro, 2025

Bombeiros lançam campanha de sensibilização sobre prevenção de acidentes domésticos

23 de Dezembro, 2025

‎Huíla mobiliza quatro mil efectivos da ordem e segurança no âmbito da operação quadra festiva

23 de Dezembro, 2025

‎BDA “injecta” 55 mil milhões de kwanzas em 2025 para concluir financiamento de projectos

23 de Dezembro, 2025
OPais-logo-empty-white

Para Sí

  • Medianova
  • Rádiomais
  • OPaís
  • Negócios Em Exame
  • Chiola
  • Agência Media Nova

Categorias

  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos

Radiomais Luanda

99.1 FM Emissão online

Radiomais Benguela

96.3 FM Emissão online

Radiomais Luanda

89.9 FM Emissão online

Direitos Reservados Socijornal© 2025

Sem Resultados
Ver Todos Resultados
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Ouça Rádio+

© 2024 O País - Tem tudo. Por Grupo Medianova.

Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você está dando consentimento para a utilização de cookies. Visite nossa Política de Privacidade e Cookies.