Dezenas de «vendedoras de orgasmo» – como são conhecidas as vendedoras de sexo -, com idades compreendidas entre 15 e 60 anos, reivindicam o encerramento de casotas usadas como espaço para envolvi- mento com clientes, adstritas ao mercado informal 4 de Abril. Elas alegam que encer- rar a zona, denominada como «Ca-Sete- cento», é causar problemas de ordem so- cial, porque muitas delas dependem totalmente daquela actividade. A acção das autoridades foi motivada por uma queixa de mais de vinte prostitutas, de acordo com a qual um cliente teria retirado o pre- servativo no acto sexual e ejaculado no in- terior do órgão feminino e, por isso, exigia um adicional ao pagamento
Algumas prostitutas têm na prática o meio pelo qual sustentam os seus filhos e, por isso, acenam para o Governo a possibilidade de se vir a legalizar a prática em Angola. «Não fechem essa mer… Se fecharem, muitas mulheres vão entrar em crise», implora uma profissional.
O caso foi despoletado quando um cliente se fez ao «Ca-Setecento» para que uma das profissionais do sexo lhe prestasse um serviço «hormonal». Uma delas prontificou-se, acertaram o preço e, de seguida, foram para uma das casotas de chapa onde consumariam o acto sexual.
Lá, o homenzinho aliviou-se e acabou por ejacular no interior do órgão da senhora. Retirou, propositadamente, o preservativo, quando o acordo não era aquele. Informações colhidas apontam que a jovem em que o conteúdo masculino foi introduzido reportou o facto às demais companheiras sobre o que tinha acontecido.
Desta feita, agarraram o cliente e levaram-no à administração do mercado para que aquela instituição as ajudasse a exigir pagamento adicional ao valor inicial, uma vez que não foi aquilo acordado entre as partes. Os agentes lá destacados ouviram as partes, tal era o alvoroço que se tinha criado.
Acto contínuo, a decisão daquele órgão do Ministério do Interior passou, necessariamente, pelo encerramento de um dos maiores «centros de prostituição a céu aberto em Benguela».
A administração do mercado e a Polícia Nacional não sabiam como lidar com o caso e aquela foi a decisão encontrada, «prejudicando», como disseram, mais de 20 mulheres.
Em relação ao encerramento, a administração do mercado atirou toda a responsabilidade à Polícia Nacional que, segundo ela, encerrou sem o seu consentimento. Fontes da Polícia Nacional sustentam que se recomendou a desativação, por o local onde se realiza a actividade não encontrar respaldo no Ordenamento Jurídico Agolano, tendo enfurecido, deste modo, mulheres vendedoras de sexo, que se dedicavam à prática há mais de quatro anos no local.
O preço de cada prática varia de 750 a 4 mil kwanzas, sendo que, por dia, cada trabalhadora de sexo leva para casa o montante de pouco mais de 10 mil kwanzas. Esses valores permitem-nas sustentar as suas famílias, ao prever enormes consequências sociais em Benguela caso a medida de encerramento – avançada pelas autoridades – vinque.
«Nós não temos como. Querem fechar, porque na Sé não fecharam», lamentou a senhora Zizi (nome fictício). «Sé» refere-se a um outro foco de «venda de sexo», adstrito à Sé Catedral, da Igreja Católica em Benguela.
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Por: Constantino Eduardo em Benguela