Após seis anos de uma liderança marcada por tensões internas, a Ordem dos Médicos de Angola (ORMED) entra num novo ciclo eleitoral. A campanha está em curso desde o final de Julho, e termina com a votação marcada para 26 de Setembro. Os quatro candidatos que disputam a liderança da entidade, nomeadamente Eurídice Chongolola, Manuela Sande, Jovita André e Pedro da Rosa, convergem nas questões da união, valorização e modernização da ORMED. O jornal OPAÍS entrevistou cada um dos médicos, que contam com estrada longa na carreira médica, para saber dos desafios da ORMED e suas linhas de forças para o triénio 2026–2028
Eurídice Chongolola: “A Ordem precisa estar mais próxima dos membros”
Eurídice Chongolola destaca seu histórico como médica dedicada à prática clínica, à ética e à qualidade, ressal- tando a participação activa na ORMED nos últimos seis anos, especialmente em iniciativas voltadas à melhoria da formação médica, à defesa dos direitos dos profissionais e à promoção de um sistema de saúde mais humano. Sua candidatura, conta, nasceu dessa tra- jectória e de uma visão de renovação. “Acredito que a Ordem precisa estar mais próxima dos seus membros, ser mais moderna, mais eficaz e capaz de unir a classe”, disse. Em tom crítico, Eurídice Chongolola avaliou que a liderança actual avançou em alguns pontos, mas sofre de um distanciamento- entre a Ordem e a realidade vivida pelos médicos. A médica especialista em ginecologia obstetrícia enfatiza a necessidade de descentralização, voz activa para todos, e maior equidade para médicos em províncias ou regiões remotas, que, no seu entender, muitas ve- zes carecem de representação e acesso às oportunidades de formação. Sobre os principais desafios da classe médica, Eurídice Chongolola identificou três grandes problemas. “A desvalorização da carreira médica, com profissionais estagnados no tempo, no espaço e na pessoa; a falta de condições de trabalho, inclusive básicas, mesmo para os aspectos mais elementares da prática clínica; e a ausência de actualização normativa e de apoio psicológico, com médicos expostos e sem instrumentos claros para proceder com segurança ou apoio legal”, disse
Pedro da Rosa: “A ciência tem de voltar a ser destaque na Ordem”
O médico ortopedista, Pedro Francisco Alberto da Rosa, apresentou a sua candidatura a bastonário, propondo uma gestão marcada pela união da classe médica, reforço da formação e compromisso com a ética profissional. Com 57 anos, natural de Malanje, e com mais de 40 anos dedicados à docência e prática médica, o candidato afirma estar pronto para conduzir a ORMED a um novo rumo. No seu manifesto, denuncia o “vazio de liderança” e a “ruptura entre a Ordem e os médicos” como factores determinantes que motivaram a sua entrada na corrida. “A Ordem dos Médicos deixou de representar os interesses da classe. Não houve transparência, faltou diálogo e violaram- se os estatutos com frequência. É tempo de restaurar a dignidade e o respeito”, declarou Pedro da Rosa.
POR: Stélvia Faria
Leia mais em