A visita surge num momento de transformação nas relações entre os dois países, impulsionadas pela implementação da Parceria ao nível das nfra-estruturas e Investimento Global (PGI), liderada pelos Estados Unidos e pelos países do G7.
Um dos principais focos da viagem será o Corredor do Lobito, uma iniciativa regional que liga Angola à República Democrática do Congo (RDC) e à Zâmbia, com investimentos acumulados de cerca de 5 biliões de dólares.
O projecto do Corredor do Lobito está a ser apresentado como um modelo de desenvolvimento regional sustentável, que inclui a modernização da linha férrea entre o Porto do Lobito e a RDC, financiada pela Corporação Financeira de Desenvolvimento dos EUA (DFC), com 550 milhões de dólares.
Além disso, está em andamento a construção de uma nova linha férrea de 800 km, que vai expandir a ligação até a República da Zâmbia. Mas os investimentos norte- americanos no país vão além das infra-estruturas ferroviárias.
Incluem energias limpas, como microgrids e projectos solares, além da construção de 180 pontes rurais para melhorar a circulação de pessoas e bens nas áreas isoladas. Outro destaque do investimento americano é o suporte à transformação digital, com a expansão de programas de dinheiro móvel liderados pela Africell.
Compromisso com a boa governação e democracia Além de promover a infraestrutura, a viagem de Biden a Angola reforçará, ainda, o compromisso dos EUA com a transparência e a boa governança.
Os projectos financiados pelos EUA seguem padrões rigorosos de aquisição aberta e competitiva, garantindo benefícios para as comunidades locais. O tema democracia estará também em pauta.
Embora a visita tenha foco mais económico, temas como direitos humanos e liberdade cívica deverão constar das discussões com o Presidente João Lourenço, especialmente depois das críticas internacionais sobre a actuação das forças de defesa e segurança em Angola.
Parcerias económicas e cooperação regional A relação comercial entre os dois países passará também em revista. Em 2023, por exemplo, as trocas comerciais entre Angola e os EUA atingiram os 1,77 bilião de dólares, consolidando Angola como o quarto maior parceiro comercial dos Estados Unidos na região subsaariana do continente berço.
O outro destaque será a assinatura de parcerias no sector agrícola e ferroviário, alinhadas ao recente compacto do Millennium Challenge Corporation (MCC) com a Zâmbia, além de anúncios relacionados à preservação do património cultural angolano e à segurança alimentar.
Relações internacionais e alter- nativas à influência estrangeira
A visita de Joe Biden sublinha o papel dos EUA em oferecer alter- nativas económicas para os países africanos, num contexto de crescente influência de potências como a China e a Rússia.
A proposta americana não impõe escolhas, mas procura fortalecer a soberania dos países parceiros, como explicou a assistente especial do Presidente Biden, Frances Brown, na última quarta- feira em conferência de imprensa.
Com esta viagem, Joe Biden reforça não apenas os laços históricos com Angola, mas também estabelece bases para uma cooperação mais ampla, destacando Angola como um exemplo de parceria económica bem-sucedi- da em África.
Uma visão para o futuro
A intensa agenda do líder da nação mais poderosa do mundo a Angola reflecte a importância estratégica do país na política americana para a África. Como afirmou Helaina R. Matza, coordenadora especial interina do PGI: “O Corredor do Lobito não é apenas um projecto de infra-estrutura; é um modelo de desenvolvimento sustentável que pode ser replicado em outras partes do continente”.