Foi inaugurada ontem, quinta-feira, 19, em Luanda, a nova sede da Embaixada da República Popular da China em Angola, num acto carregado de simbolismo político e económico que reafirma os laços entre os dois países e assinala uma nova etapa na cooperação bilateral. O edifício, situado no município da Ingombota, representa um investimento de longa maturação e marca, segundo as autoridades chinesas, o início de uma nova fase de renovação e alargamento da parceria estratégica sino-angolana
Durante a cerimónia, que contou com a presença de vários membros do Executivo angolano, o embaixador chinês, Chang Bin, sublinhou o simbolismo que esta nova sede do Estado chinês em solo angolano representa para as redações bilaterais entre os dois países.
“É com imensa alegria que realizamos hoje a cerimónia de inauguração da nova sede da Embaixada da República Popular da China na República de Angola, celebrando com todos os nossos amigos este momento histórico de amizade e cooperação sino-angolana”, afirmou.
Chang Bin manifestou o seu profundo agradecimento ao Executivo angolano, por via dos diferentes ministérios envolvidos, ao Governo Provincial de Luanda, à Administração Municipal da Ingombota e “aos amigos de todos os sectores da sociedade angolana pelo caloroso apoio e valiosa colaboração”.
Reconheceu também o contributo das empresas chinesas e trabalhadores que tornaram possível a concretização do projecto. Segundo o diplomata, o terreno foi adquirido em 2013, as obras começaram em 2021 e só agora, após os constrangimentos provocados por três anos de pandemia, foi possível concluir a infraestrutura. Inspirado na tradição cultural chinesa, Chang Bin sublinhou que os 12 anos entre o início do processo e a inauguração representam “um ciclo completo, um novo começo e o renascimento constante da vida”.
Relação económica sólida, com novas prioridades
O embaixador revelou que o volume de negócios entre a China e Angola atingiu 20,8 mil milhões de dólares em 2024. A cooperação, por isso, tem sido tradicionalmente focada em áreas como a construção civil e infra-estruturas, mas o foco está agora a mudar para sectores mais inovadores. “Queremos alcançar novas áreas de actuação, como as energias renováveis, economia verde, inteligência artificial e comércio”, disse Chang Bin.
China é o principal parceiro comercial de Angola
Em representação do Executivo angolano, o ministro do Comércio e Indústria, Rui Miguêns de Oliveira, destacou que a China é actualmente o maior parceiro comercial e principal investidor em Angola fora do sector petrolífero.
“É uma relação bilateral benéfica para ambos os países, e temos feito todos os esforços para que esta relação se consolide e cresça ainda mais”, declarou.
O ministro reconheceu que Angola mantém um défice comercial com a China, dado que importa mais do que exporta, sobretudo bens de consumo e equipamentos industriais. Ainda assim, as exportações de petróleo equilibram parcialmente esta balança.
Para inverter este cenário, Rui Miguêns salientou as oportunidades abertas no quadro da FOCAC (Fórum de Cooperação ChinaÁfrica), através de uma iniciativa que retira 100% das tarifas aduaneiras sobre os produtos africanos exportados para o mercado chinês.
“Estamos a trabalhar para mobilizar a nossa classe empresarial para que consiga produzir com a qualidade, volume e parâmetros exigidos pela China”, indicou o ministro. “Já iniciámos acções com a parte chinesa para formar os nossos técnicos e, numa segunda fase, preparar os próprios operadores económicos para aproveitar esta oportunidade.”
Sinal de compromisso estratégico Por sua vez, o secretário para as Relações Internacionais do MPLA, Manuel Augusto, reforçou que a inauguração da nova Embaixada é um marco diplomático e económico: “Quem faz uma construção como esta é um país que veio para ficar, para caminhar com os angolanos rumo ao futuro, rumo ao desenvolvimento”, disse.
Na óptica do dirigente partidário, a presença chinesa em Angola é “um privilégio”, dado o contributo directo que tem oferecido ao desenvolvimento do país, sobretudo nos últimos dez anos. “Ter a China como parceiro de desenvolvimento é uma mais-valia para Angola.
Os governantes angolanos fazem questão de testemunhar este momento como demonstração da importância que este gigante asiático tem na nossa sociedade”, concluiu.
A nova sede diplomática, além de reforçar a presença institucional chinesa em Angola, é interpretada como um gesto de confiança e de visão a longo prazo, num momento em que a relação entre os dois países evolui para sectores mais sustentáveis, digitais e voltados para a diversificação da economia angolana.