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Poligamia de matriz angolana versus imoralidade sexual

Jornal Opais por Jornal Opais
6 de Fevereiro, 2024
Em Opinião
Tempo de Leitura: 3 mins de leitura
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Há muito que procuramos pesquisar a respeito do casamento africano, angolano em particular, queríamos perceber três aspectos sobre o casamento na concepção africana (angolana): (i) o casamento endogâmico, (ii) o casamento exogâmico e (iii) a poligamia.

Infelizmente, pelo facto de, segundo os estudos europeus, durante muito tempo as nossas línguas angolanas serem ágrafas, inferimos que muitos saberes angolanos se perderam com os ventos e sopros da vida, embora haja resquícios de mais-velhos que preservaram estes saberes graças ao njango, às mulembeiras, etc.

Sobre o tema em discussão, primeiro, gostávamos de deixar claro que as palavras têm poder nas suas próprias línguas, isto é, o impacto semântico da unidade lexical “poligamia” nas línguas europeias já espelha pitada de negatividade, por isso, para os europeus, falar de poligamia pode ser referente à imoralidade.

Como não encontramos uma palavra para a substituir, trouxemos a palavra poligamia para expressar mais de um casamento realizado na conservatória, igreja ou mesmo na família (alembamento).

O motivo que nos leva a trazer o tema poligamia versus imoralidade sexual é a forma como hoje se encara a poligamia, isto é, fundamentada como um ente originário e identitário do homem africano (angolano).

Compreende-se que o jovem que tem duas ou mais namoradas, o casado que tem também uma amante ou duas, o senhor que vive com duas mulheres cujos pais desconhecem o facto, o jovem que não tem esposa, mas tem sempre mulheres com as quais se envolve, enfim, são práticas da poligamia de matriz africana ou angolana.

Como acima dissemos, sempre procuramos estudar sobre a poligamia na concepção africana (angolana), visto que a nossa idade cronológica não nos permite, senão, à recorrência a mwadikimi (mais-velhos) e, para o caso concreto, à obra de Armindo Jaime Gomes (Ovimbundu pré-colonial: contribuição ao estudo sobre os planálticos de Angola), para poder responder ao problema que nos propomos pesquisar.

Os actos acima mencionados não são actos que vislumbram a poligamia na concepção angolana.

O homem angolano (antigo), que preservava a cultura africana ou angolana, era um homem cheio de moralidade, por isso, os sobas já procuravam resolver esses males que afectavam a comunidade.

A concepção da poligamia angolana esteve enraizada, como apresenta Gomes (2016: 258- 262), no seguinte: “a bigamia e a poligamia são factos indiscutíveis e conhecidos em língua umbundu como uvala, quando um homem realiza […] vários matrimónios assumindo-se como esposo”.

Quando se adicionam mulheres em casamento, o acto passa a designar-se de oluvale, do verbo okuvala (escolher), okuvala ukamba (escolher alguém por amizade) ou okuvaleka (adicionar).

É oluvale a instituição sociocultural planáltica em que um dado homem, na perspectiva de Altuna (cfr. 1993: 341), procura prestigiar-se contraindo vários matrimónios legítimos, em que todas as esposas gozam dos mesmos direitos e conquistam uma posição social, enquanto mães casadas, que com elas o homem, marido-pai consolida a sua posição social e a comunidade admite, aceita e respeita as partes envolvidas desde que tal não invada a moral comunitária”.

Ou seja, na poligamia angolana as famílias são envolvidas, o homem deve ter condições (bens), as mulheres gozam dos mesmos direitos, a comunidade admite, aceita e respeita, a proposta da segunda mulher é aprovada pela primeira mulher, a primeira mulher ajuda a preparar o alembamento para a segunda mulher, etc.

A poligamia, à luz da concepção angolana, é muito importante, porque visa prevenir o homem no que à imoralidade diz respeito, como disse um mwadikimi: “não deve ter mulheres fora do matrimónio, para não participar no concubinato, no adultério ou na prostituição, para não ser parte integrante do conflito que deve gerir”; evita a presença de mães solteiras; combate à prostituição ou práticas similares.

Figuras como bastardo, enteado, madrasta, padrasto, meio-irmão evitavam-se através de casamentos monogâmicos tutelados e casamentos colectivos autorizados.

Portanto, todo casamento fora da aprovação da mulher, sem anuência das famílias, o envolvimento sexual sem autorização das famílias, sem alembamentos, e todo acto semelhante é imoralidade, não é poligamia de matriz africana ou angolana.

 

Por: aDILSON FERNANDO JOÃO

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