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No país da banana e das maravilhas: a tragédia anunciada de uma juventude desencantada

Jornal OPaís por Jornal OPaís
23 de Maio, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 3 mins de leitura
0

Maria vivia no país da banana e das maravilhas. Um lugar onde o surreal era cotidiano, e o futuro, um sonho adiado por tempo indeterminado. Lá, conseguir um emprego era uma verdadeira gincana olímpica – com obstáculos invisíveis e juízes que, por mais que se esforçassem para parecer humanos, mais pareciam bonecos de porcelana com discursos reciclados de manuais motivacionais.

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Neste país, os requisitos para se candidatar a uma vaga de trabalho beiravam o delírio. Era exigido que o candidato tivesse nascido com 10 anos de experiência já adquirida no útero materno, tivesse concluído uma licenciatura e dois mestrados antes de completar 25 anos, falasse fluentemente quatro idiomas (sendo dois deles inventados), tivesse passado por voluntariado humanitário em pelo menos três continentes e, idealmente, tivesse recebido um prémio Nobel de alguma coisa – mesmo que fosse de paciência.

Os departamentos de Recursos Humanos mais pareciam oráculos modernos: analisavam currículos com olhos semicerrados, em busca de falhas irrelevantes para justificar a exclusão de quem ousava não ser perfeito.

A meritocracia era o mito mais bem contado – repetido em conferências, cartazes motivacionais e redes sociais – mas na prática, o mérito era reservado a quem já nascia com as chaves do sistema no bolso.

Diante dessa realidade distorcida, Maria – e milhares como ela – olhava em volta e só via portas fechadas. Sem emprego digno, sem perspetiva de carreira, e com contas a acumular, muitos jovens passaram a refugiar-se nas farras, nas bebidas e em fugas emocionais.

Até os horários laborais foram invadidos por essa apatia generalizada, uma espécie de anestesia colectiva. Como esperar produtividade onde não há esperança? Pior ainda era olhar para os representantes da juventude nas assembleias. Jovens só no nome – reborns cuidadosamente moldados para seguir as orientações do poder instituído.

Eram figuras decorativas, treinadas para levantar a mão e baixar sem questionar, aprovando leis que favoreciam os mesmos de sempre. Leis ilusórias, que prometiam inclusão e oportunidades, mas que na prática só aprofundavam o fosso da desigualdade e da exclusão. No país da banana e das maravilhas, o problema não era só a falta de oportunidades. Era o cinismo institucionalizado.

A narrativa de que “quem quer consegue” era repetida como um feitiço, ignorando os milhares que queriam com todas as forças, mas batiam de frente com muros invisíveis – sociais, econômicos, políticos.

Maria continuava a tentar. Porque desistir também era uma forma de resistência – mas uma que não trazia pão para a mesa. E, enquanto isso, o país seguia em seu delírio, pintando o fracasso sistémico como culpa individual, incentivando a superação enquanto retirava o chão dos que tentavam caminhar.

Talvez um dia, quando os reborns forem substituídos por seres humanos reais, e os requisitos deixarem de ser contos de fadas, o país da banana e das maravilhas possa finalmente acordar para a realidade. Uma realidade onde Maria, e tantos outros, possam construir um futuro que não precise ser um milagre.

Por: RIBAPTISTA

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