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Metamorfose Humana

Jornal Opais por Jornal Opais
28 de Novembro, 2023
Em Opinião

Várias vezes questionei-me qual o custo da nossa humanidade. O custo associado ao alto preço que pagamos por sermos humanos pequenos, subjugados a aguentar o dia, sobreviver a noite e viver para lutar os amanhã. Um amanhã após o outro.

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O que são os homens, se- não meros cadáveres adiados, suportando o melhor que podem? Eu próprio, que também já tinha consciência disto, não podia mais perder muito tempo a pensar, e repensar, e não consigo, nem pela minha alma, lembrar como, onde, ou mesmo quando exatamente me veio essa inquietação, capaz de fazer-me rolar uma lágrima gorda no meu rosto tristonho.

O certo é que, agora nesses dias de absurda melancolia, vejo-me a transformar numa coisa monstruosa e incompreensível. Uma coisa monstruosamente incompreensível e repugnante do qual desconheço meus próprios significados.

Apenas durante um segundo passou-me pela cabeça de que me encontrara num comboio, cuja estação sei dizer, mas desconheço totalmente o destino que me guia para lá. Era uma manhã a fugir, o calor intenso que invandia àquele vagão, a conversa festiva das pessoas acompanhadas do barulho dos carris, eram a combinação mais ou menos perfeita para enlouquecer qualquer indivíduo. Todavia, e tal como já me é costumeiro, pus-me inerte àquela conversa falaciosa e instalei-me num silêncio apaziguador e cresceu em mim uma pulga, uma carga de pensamentos e outros sentimentos difíceis de descrever que me acompanharam durante todo o trajeto: de que é feita essa extraordinária capacidade de adaptação e transformação dos humanos? Não encontro qualquer outra coisa semelhante a esta sensação que oprime o meu peito.

Eu próprio, em silêncio perpétuo no meio do barulho que se agiganta em cada estação, estava prestes a experimentar uma total inversão da ordem natural das coisas, porém, o que tornava tal experiência ainda mais estranha é o facto de não estar a vive-la individualmente. Dentro daquele comboio, sem o saber o destino, sentia-me intrinsecamente ligada à todas pessoas que ignorara a partida.

E no final das contas, só já mais tarde, apercebi-me que as nossas experiências pessoais, moldadas por um sistema económico, político e acima de tudo cultural, impulsiona também as nossas mudanças coletivas, que acabam, até certo ponto, influenciando nossas próprias metamorfoses. Em um nível individual, esse fenómeno se manifestaria na forma única de os seres humanos crescerem, amadurecerem e autoconhecerem-se ao longo de toda a sua vida, com a capacidade de se adaptar, aprender, evoluir e questionar, até mesmo as coisas pré- estabelecidas.

Essa jornada acaba sendo também um reflexo no menor ou maior grau, da plasticidade humana. Uma peça teatral da vida que se desenrola nas sombras e nas luzes do tempo, do qual temos de desempenhar os papéis que nos são designados, embora o roteiro seja muitas vezes uma experiência dolorosa que não se pode evitar, como as borboletas emergindo de um casulo, então, a cada fase da vida, descobrimos novas cores em nossas asas Enquanto pensava nestas coisas, lembrei-me sobretudo do quanto odiava a palavra estabelecida.

Odiar pode não ser a palavra correta, porque há uma infinitude de coisas estabelecidas de que muito gosto, e coisas relativas de que quase não nutro quaisquer sentimentos, porém, não nego a existência de coisas que a partida deviam ser estabelecidas mas a serem influenciadas à mutação do relativismo, e sempre que me lembro disso ponho o meu olhar a percorrer os espaços à procura de uma explicação minimamente aceitavél. Mas ali, naquele comboio, enquanto apreciava as pessoas na sua condição de passageiros, o que haveria eu de fazer?

O silêncio, que ganhava formas no meu olhar, levou-me a crer que nem mesmo eu, nem aquelas outras pessoas tinham noção de que éramos muito íntimos e plurais, e que bastava apenas olhar nos rostos de cada um para sabermos o tamanho da sua angústia e o peso da sua fome, como duas almas coladas, cujas vidas são uma pintura abstrata, única e inimitável. Porém adaptadas a, sobretudo, não meter-se nos assuntos alheios, e nos olhamos assim com uma visível indiferença.

POR: ULISSES KURIBEKA

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