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Entre o corpo e o espírito: o que o homem precisa para se realizar integralmente

Jornal OPaís por Jornal OPaís
4 de Julho, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 4 mins de leitura
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Entre o corpo e o espírito: o que o homem precisa para se realizar integralmente

O ser humano, ao nascer, é lançado no mundo com necessidades que vão muito além da fome e do frio. Viver não é simplesmente respirar. Há algo em nós que exige plenitude, que clama por sentido, que deseja a realização do que somos e do que podemos ser. Sentir-se realizado integralmente é, pois, um anseio universal que atravessa todas as épocas, culturas e condições sociais.

Não se trata de um luxo reservado aos privilegiados, mas de uma necessidade interior profundamente humana, que pede resposta em cada etapa da vida. O homem precisa, antes de tudo, de cuidar do seu corpo com respeito e discernimento.

Sem saúde, a liberdade esmorece, a alegria enfraquece e os horizontes encolhem. Um corpo bem tratado, alimentado com equilíbrio, exercitado com regularidade e protegido contra violências e abusos, é o ponto de partida para toda realização.

Contudo, não basta o vigor físico. Muitos atletas perfeitos arrastam-se em tristeza porque o corpo, por si só, não realiza a alma. Há que cuidar também do interior. A saúde psíquica é o solo onde germinam a paz, a auto-estima e a esperança.

O homem precisa olhar-se com dignidade, reconciliar-se com o seu passado, encontrar valor nas suas acções presentes e vislumbrar caminhos futuros. Quando o ser humano se sente desprezado, inútil ou desconectado do que ama, dificilmente encontrará sentido para viver. O cultivo da interioridade, seja pela reflexão, pela escuta, pela leitura ou pelo silêncio, é um remédio essencial.

As angústias modernas, tantas vezes disfarçadas de cansaço ou pressa, denunciam almas exaustas por não saberem quem são. O saber é outra exigência da realização. Desde a infância, o homem deseja compreender, aprender, decifrar. O conhecimento ilumina o caminho da existência.

A ignorância não apenas limita, mas também escraviza. O saber dá autonomia, alimenta a criatividade e fortalece o juízo. Aprender a vida inteira é um acto de humildade e grandeza. Por isso, o acesso ao ensino, à cultura, à leitura e ao pensamento crítico é um direito que não pode ser negligenciado.

Uma mente bem nutrida é uma alma mais livre. Mas o homem não vive isolado. A sua realização depende, em grande parte, da qualidade dos laços que constrói. A amizade sincera, o amor partilhado, a família bem alicerçada, a convivência em comunidade: tudo isso tece a rede afectiva que sustenta o viver. Um homem pode possuir tudo, mas se não amar nem for amado, há-de sentir-se incompleto. O afecto não é ornamento, é alimento.

Criar relações verdadeiras exige tempo, presença e entrega. O egoísmo e o individualismo, tão exaltados no tempo presente, afastam-nos daquilo que nos humaniza. O trabalho é também indispensável.

Não apenas como meio de sobrevivência, mas como expressão da identidade e do serviço ao bem comum. Trabalhar com sentido é participar na construção do mundo.

Não importa o estatuto da função, mas a consciência com que é exercida. Um pedreiro que edifica com amor realiza-se mais que um director vaidoso que despreza os outros.

O labor dignifica, organiza, disciplina e proporciona conquistas legítimas. Contudo, o trabalho deve ser humano, e não opressor. A exploração e a desvalorização matam a alma antes do corpo.

É dever da sociedade garantir a cada um a oportunidade de contribuir segundo as suas capacidades. Há ainda uma dimensão profunda que não pode ser ignorada: a ética.

Viver de forma honesta, justa, coerente com os próprios princípios é condição para a serenidade. A culpa que corrói, a mentira que destrói, a traição que fere, tudo isso envenena entamente a vida.

Agir com integridade, mesmo quando custa, é um investimento invisível, mas sólido. Dormir com a consciência tranquila vale mais que qualquer riqueza obtida por meios indignos. A paz interior é filha da verdade vivida.

Por fim, e não menos importante, está a necessidade de transcendência. O homem, mesmo quando saciado de bens, sente que lhe falta algo. Busca o sentido último, o que está para além do visível.

Esta sede de infinito não é fraqueza, é grandeza. Crer em Deus, ou pelo menos admitir uma ordem superior ao próprio eu, abre a alma à esperança, ao perdão e à generosidade.

A espiritualidade não se impõe, mas quando livremente acolhida, eleva e consola. Ela dá sentido ao sofrimento, coragem diante da morte, e direcção à vida. Estas dimensões — corporal, psíquica, intelectual, afectiva, laboral, moral e espiritual — estão entrelaçadas. Quando uma delas está ferida, todas sofrem. O homem precisa, portanto, de procurar equilíbrio entre elas.

Não há fórmula única, nem tempo perfeito. Cada um há-de trilhar o seu caminho com lucidez e coragem, acolhendo os dons e enfrentando os limites. A realização não é um prémio distante, mas uma construção diária, feita de escolhas, relações, hábitos e valores.

Realizar-se plenamente não significa nunca sofrer, mas saber por que se sofre e para que se vive. Não é possuir tudo, mas reconhecer o essencial. Não é ser admirado, mas estar em paz consigo mesmo.

É possível sim, ainda que difícil. Sonho? Talvez. Mas sonho que pode ser vivido, pouco a pouco, se cada um assumir o dever de tornar-se verdadeiramente humano.

Por: JOÃO BAPTISTA KUSSUMUA

Luanda, aos 30 de Junho de 2025

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