Em conversa com um colega, que esteve há dias ausente do país por razões laborais, contou-me sobre o desenvolvimento que observou durante a sua passagem pela república Popular da China. Dizia-me ele que até mesmo a chamada aldeia rural, no país de xi Jinping, acaba por ser mais desenvolvida do que muitos municípios e, quiçá, capitais de determinadas províncias no continente africano. Parece ser exagerado.
Mas, infelizmente, assim não é. Quem passa por este gigante asiático, sobretudo pela primeira vez,acabapornotarodesenvolvimentoacelerado por ele registado ao longo das últimas décadas. Quem por lá regressa, anos depois, terá sempre a noção de que muito foi feito ao longo da nossa ausência, não importando se se trata de um ano, dois ou três.
Uma das coisas mais marcantes que tive durante uma passagem pelo território chinês foi ter ouvido de um reputado empresário, por sinal investidor no ramo automóvel, que Angola tinha de abrir as suas fronteiras, porque não tínhamos sequer a dimensão do que possuímos. embora possa parecer, numa primeira avaliação, pejorativa, o empresário realçava que a dimensão das oportunidades proporcionadas pelas riquezas que o país possui é imensurável.
E a sua maioria vai além do petróleo, o principal produto de exportação e aquele que mais contribui para a riqueza do país. Durante muitos anos, por incrível que pareça, foi nele que se juntou todo e mais algum esforço, não obstante o esforço de guerra que se empreendeu. Deixaram-se de lado outras riquezas – aparentemente – como as pescas, a agricultura e o turismo, tido como a indústria da paz e principal fonte de rendimento de muitas economias pelo mundo.
É inegável que, apesar de vivermos 23 anos de paz, não se olhava para o turismo nos moldes como hoje se pretende. esperando-se que venha, de facto, a contribuir para o Orçamento Geral do estado e, sobretudo, para a empregabilidade num país com um índice de desemprego acima dos 30 por cento.
Ontem, quarta-feira, dois pronunciamentos chamaram a minha atenção: um vindo do empresário Pedro Godinho, num programa radiofónico, e outro do próprio ministro do Turismo, Márcio Daniel. O primeiro apontava para o facto de o sector do turismo representar hoje largos mil milhões de dólares e que, em cada 7 empregados no mundo, um deles provém desta área.
Quanto ao ministro, um jovem governante, garantiu que o executivo angolano, distante dos discursos, decidiu partir para a criação de condições para que os operadores e turistas tenham as suas pretensões facilitadas, como a construção da estrada que liga a Massangano, que vai encurtar cerca de duas horas de viagem com a nacional 2030.
Tanto o empresário como o ministro têm as suas razões e quase que convergem. Afinal, o turismo não vive nem é feito só de papos. É essencial que se criem as condições mínimas para que os turistas cheguem, durmam, visitem, comam e façam mais coisas.
A cada dia que passa, se descobrem mais maravilhas por esta imensidão de territórios, formados por matas, vales, chanas, rios, cidades e gentes, algumas das quais desconhecidas por muitos, que me levam a reflectir o que disse um dia aquele empresário chinês: ‘não temos noção das riquezas que temos e podemos oferecer, certamente, ao mundo’.