Uma reviravolta em Portugal, então potência colonial de Angola, colocou na liderança da oposição naquele país europeu, pela primeira vez, um partido da extrema direita: o Chega. Liderado por André Ventura, figura conhecida de muitos políticos angolanos, incluindo estudantes na então metrópole, acabou, inclusive, de obter o voto da diáspora deste país pelo mundo.
Ou seja, os portugueses que escolheram o exterior deram confiança a esta formação política. Embora tenha optado por países em África, Europa, América do Norte, Ásia e Oceania, os portugueses se vêem nos argumentos da extrema-direita, muitos dos quais contra os imigrantes que vivem em Portugal. É claro que, com isso, muitos angolanos, incluindo políticos, se manifestaram contrários.
Do meu la- do, creio que se trata apenas de um problema luso, cujas consequências os então governos daquele pa- ís permitiram que chegassem por não terem cria- do certas medidas e descurado outras que fizeram com que os seus pares se sentissem frustrados com os seus dirigentes.
Melhor do que os cidadãos de outros espaços, são os próprios nacionais que foram a voto que conhecem melhor as suas aspirações e o que desejam, verdadeiramente, para os seus países. E a diáspora portuguesa, ao que parece, onde quer que esteja, se vê apenas numa missão que lhes permite posteriormente regressar às suas terras de origem em melhores condições de vida.
Compreendo algum receio que se observa em algumas diásporas naquele país, sobretudo angolana, onde muitos se viram frustrados com os resultados apresentados. E sobretudo por causa dos votos no exterior, que deram ao Chega uma vitória folgada que lhe fez cilindrar o histórico partido socialista.
A verdade é que a extrema-direita não nasce por acaso. Nem o seu crescimento é favorecido por factores alheios aos que vivemos e que permitem que, num dado momento, líderes populistas e marcados por acções polémicas se apresentem como autênticos salvadores. As extremas-direitas são consequências das falhas da esquerda, do centro e das direitas mal conseguidas.
Tem sido, por enquanto, um fenómeno mais marcante nos continentes europeu e americano. As figuras de Bolsonaro, no Brasil, Milei, na Argentina, Trump, nos Estados Unidos, são os rostos mais marcantes deste movimento que hoje estreme um país com o qual temos uma grande ligação: Portugal.
Mas não nos espantemos se um dia destes estes movimentos não se estendem ao continente africano por conta de falhanços e políticas erradas que os seus governos vão tomando, incluindo nalguns deles com o facto de se dar melhor tratamento a em- presários e empresárias estrangeiros em detrimento dos nacionais. É uma questão de tempo.