Falar é o dom mais supremo da vida. Calabrez (2018), aponta que todos os nervos e complexos neurológicos humanos são voltados a comunicar a algo ou a alguma coisa por meios de vários circuitos bio-computacionais.
Todavia, lembremos que nossas palavras são capazes de terem pluriaplicabilidade, e na verdade é essa uma das nossas principais desgraças na comunicação. E este dito azar ocorre porque as vezes nem sempre as pessoas vão de enconta com a intecionalidade linguística da nossa comunição.
Diante disso, lembremos também que, para Silva (s/d), falar compreende a emissão de “sons com significado coerente segundo uma convenção linguística qualquer.”
Neste sentido, a ênfase para os homens vai para a capacidade destes de emitirem sons com unidades psicolinguísticas capazes de albergarem significados e significantes.(Ferreira, 2019).
Todavia, nossas palavras são plurisignificativas, aculturais e multicontextuais, ou seja, as vezes nem sempre as nossas palavras vão dizer aquilo que a nossa mente projectou ou o que as nossas letras tipograficam será sempre o que a nossa cognição desenhou. Daí que, o maior de desafio na comunocação não é falar, mas sim conseguir tornar inteligível aquilo que falamos.
Neste sentido, compreendemos que tinha razão Juvêncio, o Comunicólogo (2024), quando dizia que a grande preocupação de qualquer falantte não deve ser a garantia de se as pessoas estão a entender o que ele diz, mas sim, consideravelmente, deve ser averiguar se ele mesmo consegue fazer-se ser entendido.
Pois afinal, diferente das línguas como inglês e francês que têm maioritariamente vocábulos muito específicos para cada elemento, a língua portugiesa em sua pobreza de enunciados, é 10 vezes ainda mais pluri em seu sentido e sigmificado do que as anteriores.
Afinal, quem nunca teve de dizer: “não era isso que eu quis dizer”… para dar ênfase de que, o que tencionava transmitir não foi o que se percebeu aos ouvidos do receptor? Em muitos casos, este detalhe separa famílias, amigos e vizinhos, uns pelo azar de ter como locutário alguém que conhece tão pouco os vocábulos e na sua esfera concebe o termo no único ponto extremo da sua percepção, e outros, porque dialogaram com entes que conheciam tanto a semântica, que estes últimos por sua vez, acabaram falhando na compreensão do contexto específico que o seu emissor o desejava encamiar.
Portamto, embora todos os sons produzidos concebem uma representação visível ou palpável, para além de apenas ser soado por meio de uma imagem acústica (Manaça, 2022), ou seja, cada palavra falada alberga algum tipo de significado, na prática, não é assim que se prescrevre, afinal, o namoro pode ser tanto um sexual entre pessoas, quanto um sistema de relacionamento íntimo entre entes.
Assim, em determinado caso, qualquer um de nós poderá dizer aos ouvidos do outro aquilo que que em sua própria autodeterminação e intenção nunca teria se quer pensado em pronunciar.
Portanto ninguém deve considerar-se demasiadamente bom falante ao ppnto de nunca ter sido mal percebido, ou tão bom ouvinte ao ponto de nunca ter feito um mal entendido.
Assim, “não é isso que eu quis dizer” pressupõe primeiramente o reconhecimento de que a língua, com destaque para o português é plural, multiversal e pluri-contextual.
Depois, demonstra humildade linguística recomendável, visto que, nenhum e nenhum de nós (como diz M. Cortela), tem total domínio de uma língua e portanto, capaz de entender toda a sua progundeza e extensão.
A par disso, entendamos que todas as intenções comunicativas de todas as suas falas nem sempre serão captadas pelo locutário. Enfim, como cada mente é uma mente banhada por pluri-sapiência, acredito que alguns podem ou não entender radicalmente aquilo que prescrevi. Bom, se este for o seu caso, reforço comunicativamente: “Desculpa, Não é isso que eu quis dizer!”
Por: SAMPAIO HERCULANO
*Coordenador do Clube de Português da REMA_Cazenga