As cooperativas são importantes estruturas que reforçam cadeias de valor na agricultura, pesca e avicultura. Contudo, muitas mantêm processos em papel que criam atrasos, erros contabilísticos e desconfiança entre sócios.
A falta de visibilidade nas operações impede decisões céleres e encarece o funcionamento, fazendo-as (e aos associados) perder oportunidades operacionais, logísticas e de negócio.
A burocracia manual obriga dirigentes e colaboradores a deslocarem-se para recolher assinaturas ou validar formulários, o que consome tempo e recursos que poderiam dedicar-se a apoiar directamente os membros.
Sem registos centralizados, cada relatório revela lacunas que afectam a transparência e fragilizam a prestação de contas. A chave para inverter este ciclo está na adopção de plataformas digitais capazes de abarcar todo o ciclo cooperativo.
Desde a inscrição de novos sócios até ao controlo de cada transacção em tempo real, estes sistemas substituem tarefas repetitivas por fluxos de trabalho guiados por dados fiáveis.
A médio prazo, deixam de existir dependências constantes do departamento de informática e surgem equipas com maior autonomia para ajustar processos segundo as necessidades locais.
Além disso, torna-se possível ter visibilidade de operações e soluções que podem levar a maior eficiência financeira e identificação de negócios. O exemplo do Brasil ilustra bem esta transição.
Com centenas de cooperativas implementaram soluções que unificam todos os módulos de gestão, registando cortes significativos nos prazos de resposta aos pedidos dos associados e ganhos claros na fidelização.
Os responsáveis passam menos horas a compilar relatórios e mais tempo a analisar indicadores que orientam acções estratégicas. A rastreabilidade integral elimina falhas nos registos e fortalece a relação de confiança com os membros.
Para nós, o desafio passa por três etapas: mapear os procedimentos internos, migrar dados históricos e formar as equipas na utilização prática das ferramentas digitais.
Ao permitir acesso imediato a dashboards que mostram indicadores-chave, as cooperativas ganham agilidade para responder a imprevistos e planearem investimentos com base em informação actualizada. Este modelo aproxima a gestão dos associados, melhora a qualidade dos serviços e reduz custos operacionais.
Este é o momento certo para repensar o cooperativismo em Angola, assente numa cultura de eficiência e transparência. Se abandonarmos de vez a rotina em papel, valorizaremos o conhecimento dos nossos recursos humanos e reforçaremos o papel das cooperativas no desenvolvimento económico das comunidades.
A conjugação entre tradição e inovação pode elevar estas organizações a níveis inéditos de desempenho e credibilidade. O futuro é agora e este é o momento para agir.
Por: FABIANO KLEIN
Gestor de Consultoria da TIS