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A influência da oralidade na literatura angolana nos dias de hoje

Jornal OPaís por Jornal OPaís
5 de Junho, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 4 mins de leitura
0

Obviamente, a tradição oral esteve (está) presente em todas as sociedades como o elemento crucial para construção da memória colectiva. Assim, no dizer do historiador e etnólogo Amadou Hampâté Bâ, “na África, cada velho que morre é uma biblioteca que se queima” esta citação, efectivamente, espelha aquilo que é o influência/importância da oralidade na literatura. Assim, ao pretendermos abordar a influência da oralidade na Literatura Angolana nos dias de hoje, ocorre três questões se impõem de imediato.

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Primeira, o que é a oralidade? O que é a literatura? O que é a Literatura Angolana? Obviamente, a resposta requer um conhecimento prévio a respeito dos termos oralidade, literatura e por fim Literatura Angolana. Em gesto introdutório, a oralidade é a qualidade daquilo que é falado.

O termo literatura provem de littera “letra” em latim, o que assinala sua relação com a escrita. Assim, à luz de Aguiar e Silva, a literatura é um conjunto de obras que se particularizam e ganham feição especial quer pela sua origem, quer pela sua temática e pela sua intenção.

Por outro lado, a Literatura Angolana, parafraseando o pensamento de netiniano, é aquela que consegue interpretar e expressar com toda sinceridade e simplicidade a alma do povo angolano em todas as suas dimensões, o seja, o trinômio: nascença, vida e morte.

Inquestionavelmente, a oralidade tem uma forte influência na literatura angolana, tanto na transmissão de tradições/costumes como na construção de estilo literário de um escritor.

Entretanto, antes de detalharmos sobre a sua influência na actualidade, vamos partir da perspectiva diacrônica, bem, o surgimento da imprensa nos países africanos de Língua Portuguesa deu-se na década de 1840 e foi um factor fundamental para o aparecimento de uma literatura escrita, que se convencionou denominar como Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa.

Anteriormente, predominava muito a oratura ou oralitura, pois ainda muitas sociedades africanas eram ágrafas e em Angola não era diferente. Na verdade, o vocábulo oratura foi proposto pelo linguista ugandês Pio Zirimu, na década de 1960.

O termo – oratura busca designar um conjunto de formas verbais orais, artísticas ou não. No caso de Angola, o surgimento da imprensa só aconteceu em 1845 e em 1849 com publicação da obra “Espontaneidade da Minha Alma” de José Maia Ferreira a literatura angolana ganha mais notoriedade no mosaico das Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa.

Assim, a influência da oralidade na Literatura Angolana nos dia hoje está presente nos diversos textos e dentre eles: contos, crônicas, romances, poemas e músicas. Veja-se escritores como Ondjaki, Luandino Vieira, Rui Monteiro, Pepetela, Uanhenga Xitu, Mwene Vunongue e outros servem-se constantemente da oralidade como ponto de partida para as suas composições literárias e, assim como, para a construção discursiva dos seus personagens e nos poemas, influencia no ritmo.

Com efeito, tudo isto mostra o papel de relevo que a oralidade tem na literatura angolana de várias formas, isto é, desde a utilização de expressões e termos do uso oral até à valorização das línguas nacionais, e estas marcas podem ser igualmente identificadas em situações de bilinguismo ou empréstimos lexicais, neologismos.

Ao ler um texto de Mwene Vunongue ”os atongokos de um jove leberde”, percebe-se que ele recriar palavras e frases baseandose no uso da Língua Portuguesa em Angola.

Ademais, compreende-se que há em seus textos uma transcrição exata da língua falada para a escrita o que permite uma coabitação linguística e, desta maneira, produz novo registro discursivo.

Na mesma senda, Boaventura Cardoso salienta esse mesmo fenómeno de “recreação linguística a partir da fala”; com esse seu relatar o modo de falar do povo, dá importância aos “valores culturais da nossa terra”.

Outro escritor é Pepetela, na sua obra, percebe-se a forte influência da oralidade na sua escrita; é o caso do plebeísmo fonético que é, de facto, uma marca da oralidade que se manifesta na pronuncia das palavras, diferente da pronuncia gramaticalmente correcta.

Por exemplo: a forma verbal estar, pode ser reduzida em “tar”. Como vemos, a oralidade, quando bem incorporada no texto, faz com que o leitor sinta que está ouvindo a história ou a poesia.

Os termos e expressões próprias da oralidade são trazidos à escrita também de modo variado, conforme a situação comunicativa representada na narrativa, por exemplo; em narrativas é percebido pela utilização dos discurso indirecto livre para que se note facilmente de quem é a voz.

Em gesto de conclusão, devemos hoje reconhecer que a oralidade pode produzir obras culturais muito ricas e permitir a convivência das línguas, a portuguesa e as africanas originárias.

Assim, as marcas da oralidade são incluídas e isso permite pensar em vozes da sabedoria ancestral, deste modo, é dando continuidade a oralidade na escrita que estaremos a manifestar a cultura angolana.

Por: JOÃO BAPTISTA ( SIMPLES DE PAPEL)

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