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A Epifania de Kambindangolostético, o novo filósofo, no areópago Piagetino benguelense

Jornal Opais por Jornal Opais
14 de Maio, 2024
Em Opinião
Tempo de Leitura: 3 mins de leitura
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A faculdade. A faculdade é um sonho. Quando era mais novo, sonhava tudo de lá: as salas, os professores, os livros, os colegas e os outros. Sonhava com tudo, tudo de lá.

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Até imaginei a idade com que ia ingressar, pensava que chegaria lá muito velho, mas felizmente, fui um dos mais jovens do meu bairro a alcançar este feito com apenas 19 anos, em 2018.

Preteri o ISCED em detrimento do Piaget e sinceramente não me arrependi, o Piaget de Benguela apresentava uma grelha formativa muito interessante, as línguas nacionais. Sempre me vi um activista cultural, um africanólogo em miniatura, sempre mesmo, sempre.

Não sabia o que me esperava no primeiro dia de aulas, era um puto, um puto habituado a lidar com os miúdos da sua idade e os mais-velhos venerar, só venerar.

Os mais-velhos são sempre os mais-velhos. A faculdade quebrou este paradigma, juntou os putos e os kotas. Na fau, podia chamar pelo nome os kotas nos dias iniciais, o que era bastante inusitado.

Num dia desses, na primeira apresentação em que a turma já estava meio feita, um kota chamou atenção de todos, era diferente, sua distinção via-se em todos níveis, era alto, esguio, estava vestido a rigor, com aquela roupa meio de sacerdote, que impõe todo respeito.

Para o nosso espanto, quando o colega abriu a boca, a turma ficou ainda mais embasbacada, visto que na sua fala, não se via nada de angolano. Era todo português de Portugal. falava português com sotaque dos tugas, muito refinado e isto fazia com que quando falasse, toda gente o ouvia.

A par do seu português com traços do Alentejo, está a sua história bastante hercúlea e que o tornava o herói da narrativa cinematográfica que a turma vivenciaria durante os cinco (5) anos de formação.

Não sabíamos se nos ríamos ou ficávamos compadecidos com o seu trajecto: – vivo no Lubango, Huíla, trabalho no kuroka, Onkókua, Kunene, e estudo em Benguela, aqui no Piaget.

Quando repetisse estas palavras, era muito inspirador, um homem da ciência, capaz de percorrer longas distâncias só para estudar, só para ampliar os seus conhecimentos que no seu ver era uma gota no oceano.

Tinha muita piada apesar daquele seu parecer quase sisudo, sorumbático. Era o nosso intelectual da turma. Seus olhos sempre muito fundo como se passasse horas infindas a ler romances.

Cresceu em ambiente assaz religioso-evangélico, daí a sua habilidade com a leitura. Era um regalo vê-lo a falar, o que ele mais gostava. Kambinda, o grande Kambinda. Não perdia tempo em apresentar as ideias, sempre pronto e muito ávido, tinha muito conhecimento.

Noutro dia, na aula de Latim 1, o professor trouxe a querela acerca da variação da escrita e pronúncia das palavras da língua latina, mormente, da letra C. Afinal, há o latim eclesiástico com uma pronúnicia que se consubstancia na tradição da igreja e noutro lado o latim clássico com uma tradição diferente, lá no fundo, não tanto.

Isto foi o motivo da tertúlia. Tinha um pé adiantado em relação aos demais, por isso, para todos assuntos discutidos no nosso pequeno areópago, nunca lhe faltou opinião.

Sobre este assunto, ele no seu português europeu e estiloso afirmou: – primeiro, há diferença entre fonema e grafema, um reina no mundo do som e outro é simplesmente uma letra, um símbolo.

Respondendo à questão, saiba-se que o grafema C, em latim, poderá representar a consoante africada (tchi), a fricativa (ci) ou ainda a velar (ki), assim, o nome Cícero em latim poderá ter três pronúncias (Tchitchero), (Sissero) e (Quiquero). Para o grande entusiasmo na sala de aula, todos admiravam o conhecimento que o mesmo acarretava.

Era formidável, além dessas aparições, esbanjava a sua intelectualidade por meio de seus pequenos artigos que abordavam sobre o Evangelho e assuntos ligados às línguas nacionais, a sua verdadeira paixão, a cultura. Era um poliglota, seu intelecto falava diferentes línguas nacionais, sempre que o assunto fosse relacionado à cultura bantu, tinha sempre uma palavra.

Noutro dia, após aquela manifestação sapiencial, achou sumidade em experimentar o conhecimento recém-adquirido em Introdução aos Estudos Literários, tínhamos falado, naquela altura, sobre o Formalismo russo, Roman Jackobson e o conceito de literariedade.

E como durante a explicação, teria dado entender o professor que se pode encontrar a literariedade em qualquer ser ou lugar, no intervalo procurou contemplar a beleza das formigas do jardim do nosso Instituto e nós, claramente, pensámos que enlouqueceu.

Kambinda, o grande Kambinda! Nas discussões, Adílson tinha sempre primazia, tinha sempre uma palavra seja qual for o assunto. Kambinda, o grande Kambinda.

 

Por: FERNANDO TCHACUPOMBA

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