Quando o Petro de Luanda entra em campo na BAL, quando o 1.º de Agosto disputa uma Taça Africana de andebol, quando os Palancas Negras brilham no CAN, ou quando uma velocista angolana corta a meta em provas internacionais, o que se exibe ao mundo não é apenas talento. É Angola.
É a sua bandeira, a sua cultura, o seu povo, condensados num gesto, num passe, numa vitória. O desporto, mais do que competição, tornou-se uma plataforma de diplomacia moderna. É o “poder” que não se escreve em tratados, mas se conquista com suor.
E o que muitos ainda não perceberam é que, por trás de cada participação internacional, há uma oportunidade preciosa de mostrar ao mundo o potencial de um país.
Por isso, custa entender como ainda se tropeça em barreiras tão básicas. Selecções e clubes que representam Angola lá fora esbarram em excessiva burocracia e ausência de apoio institucional.
Não é preciso milhões, nem promessas faraônicas. Às vezes basta um “sim”, um despacho assinado a tempo, uma simples coordenação entre sectores ou instituições. A falta de sensibilidade para essas causas revela uma miopia perigosa.
Afinal, o retorno que o desporto dá em imagem, em prestígio e até em turismo, supera em muito o investimento necessário. O desporto não é gasto. É investimento em reputação.
A promoção da imagem de Angola no exterior não depende apenas de cimeiras diplomáticas. Ela também está no golo do Petro, no afundanço do 1.° de Agosto, no sprint do atleta do Interclube ou nos golpes certeiros de Demarte Pena a competir no exterior.
É tempo de entendermos que apoiar um clube ou selecção que representa Angola além-fronteiras é investir na reputação do país. E que, muitas vezes, bastava só um pouco mais de boa vontade.
Num altura em que se fala tanto em diplomacia económica e cultural, talvez seja hora de olhar com mais carinho para a diplomacia que entra em campo, sobe ao pódio e canta o hino com orgulho. Porque apoiar o clube ou selecção que nos representa não é um favor: é um dever patriótico.
Por: Luís Caetano