O anúncio foi feito recentemente pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BDA) e visa o incremento da produção dos referidos produtos
Esta informação foi avançada pelo Ministério da Economia e Planeamento (MEP) durante uma reunião realizada, recentemente, entre responsáveis das duas entidades. Com o objectivo principal de capacitar empreendedores em gestão de negócios, literacia financeira e empreendedorismo digital, com um foco particular no agro- negócio, o projecto contará com parceiros importantes como o Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas INAPEM), Fundo Activo de Capital de Risco (FACRA) e o Banco Africano de Desenvolvimento.
Além disso, o projecto visa igualmente fortalecer o Programa de Reconversão da Economia Informal (PREI), com a transição da informalidade para a formalidade, através de microcrédito e programas de incubação empresarial com a operacionalização prevista para 2024.
De acordo com o MEP, a comitiva, liderada pela directora do Programa País, Yolanda Arcelina, acompanhada pelo economista agrícola chefe, James Opio-Omoding, e pela directora para o Emprego Juvenil, Grace Obeda, esteve reunida com o secretário de Estado para a Economia, Ivan Marques dos San- tos, para discutir detalhes do projecto de apoio às competências, à empregabilidade, empreendedorismo e desenvolvimento de pequenas e médias empresas.
Durante a reunião, segundo os dados do MEP, foi destacado o apoio orçamental significativo que o Banco Africano de Desenvolvimento disponibilizará para Angola, totalizando 160 milhões de dó- lares.
Operacionalização prevista para 2024
Este financiamento será liberado em duas etapas, sendo que a primeira etapa, no valor de 100 milhões de dólares, está prevista para este ano, enquanto a segunda etapa, de 60 milhões de dólares, está programada para ser disponibilizada em 2024. Em reação, o economista Marlin Sambongue sublinhou que a notícia de disponibilização de financiamento é boa, porque dará confiança aos produtores e empreendedores de forma geral, pois um dos grandes déficits da nossa economia é o de financiamento.
Segundo ele, este montante é um sinal importante para que os produtores possam ter esperança concreta de realização de aumento da produção. Este sinal deve ser alargado, continuou, porque os desafios que temos de aumento da produção não se esgotam com 160 milhões. Realçam que se precisa de mais financiamentos de cerca de dois mil milhões, 5 mil milhões, mas com taxas de juros mais reduzidas e bonificadas, com prazo de carência dilatados. “A produção tem um período de investimento em infra-estruturas e de plantio, de colheita e venda, e os prazos de reembolso de- vem ser compatíveis com o resultado.
Daí a necessidade de se dilatar os prazos de reembolso, as taxas de juros devem ser mais reduzidas, porque a produção destes elementos não tem o retorno que se pensa”, disse. Relativamente ao projecto de apoio às competências, empregabilidade e empreendedorismo, com foco no agronegócio, Marlino Sambongue disse que ele deve estar associado àquilo que é o desafio que os empreendedores têm na produção. Para o economista, é necessário que se crie um sistema que faça intermediação da mão-de-obra entre os que procuram e os que oferecem.
Neste caso, os produtores devem anunciar na plataforma as necessidades que têm, quer para o ano em curso quer para o ano seguinte, sublinhando o tipo de serviço e especialistas que precisam. Já em relação à economia informal, Marlino Sambongue enfatizou que é um desequilíbrio para as economias, pois quanto mais as economias são informais, mais disfuncionais elas são, porque significa uma anomalia. Deste modo, os instrumentos que possam promover a formalidade da economia são bem-vindos, pois o financiamento é um instrumento interessante por- que os micro, pequenos e médios produtores podem mediante ao acesso de financiamento serem obrigados a se formalizar.
“Entretanto, é uma forma de atrair estes produtores para a formalidade”, considerou. O também economista Eduardo Manuel sublinhou que os principais desafios que se podem identificar na implementação deste projecto estão ligados sobretudo às formas de aquisição dos inputs para a produção, ao capital humano e às formas de acesso a este financiamento, sendo que o processo ainda é burocrático, apesar dos projectos apresentarem indicadores de viabilidade.
Outro ponto a realçar, continuou, é a forma de acesso às zonas para escoamento dos produtos e o custo do transporte das mercadorias, que são elevados. Para que os projectos tenham sucesso, segundo o economista, é necessário que os empreendedores estabeleçam parcerias que garantam todos os meios, nomeadamente humanos, técnicos e financeiros, necessários para o desenvolvimento do projecto.
POR: Francisca Parente