A sessão inaugural do livro intitulado “Amadeu Amorim – Osobrevivente dos N´gola Ritmos”, de autoria de Pedro Rosa, vai ser lançada na sexta-feira, 07, no espaço Prova D’Arte, às 16 horas, no Miramar, em Luanda
A obra, de 120 páginas, repartida em quatro capítulos, resulta de uma investigação histórica e cultural em torno da vida e obra de Amadeu Amorim, enquanto artista, político e homem de mil ofícios. Com depoimentos do próprio autor, de pessoas próximas a si e/ou que acompanham os seus trabalhos e de arquivos históricos, a obra traz ao conhecimento do público a história de vida, o percurso militar, político, nacionalístico e artístico de um homem que é símbolo de resiliência e uma biblioteca viva da cultura angolana.
Segundo o autor do livro, Pedro Rosa, a ideia de escrever a obra surge na de se recuperar e trazer à tona dados históricos que retratam a vida de um homem que serve e sempre serviu à Nação nas mais variadas áreas e que é intrinsecamente o único sobrevivente de um agrupamento musical que cantou e encantou Angola entre as décadas de 50 a 80 do século XX.
“No pensamento da necessidade da reposição da nossa história recente, sobretudo no vasto mosaico cultural angolano, nasce a preocupação de apresentar publicamente a verdadeira dimensão do Conjunto N’gola Ritmos, numa singela homenagem a Amadeu Amorim, o Sobrevivente”, explicou, a jeito poético, o autor.
O livro vem com a chancelaria da Mayamba Editora e o seu lançamento enquadra-se nas celebrações dos 50 anos da independência nacional como uma singela homenagem ao histórico Conjunto N’gola Ritmos, como explicou o próprio escritor.
“A obra é dedicada ao Conjunto Ngola Ritmos, ao Processo dos 50, à Liberdade dos Povos Africanos e aos 50 anos da independência de Angola”, sublinhou o escritor e pesquisador cultural. Destacou ainda a importância de se dar a conhecer com profundidade os feitos e o contributo de Amorim nos vários domínios, como na cultura, na política e até mesmo nas lutas de libertação de Angola.
O autor reconhece a dimensão de Amadeu Amorim e destaca a relevância histórico-cultural de se ter por escrito os registos daquilo que foram os feitos, o percurso e, acima, a história desta destacada figura artística e nacionalista angolana.
“É uma obra interessante que vem dar mais importância ao arquivo escrito cultural e político angolano. Ela traz várias contribuições sociais por se tratar de indivíduo multifacetado”, ressaltou. Após o seu lançamento, o livro vai estar disponível para venda na Livraria Mayamba, aqui na capital do país.
Percurso de Amadeu Amorim
Amadeu Timóteo Malheiros de Amorim, natural de Luanda, nasceu a 03 de Agosto de 1937, na capital angolana. Filho de Amadeu Amorim e de Maria da Conceição Malheiros dos Santos, é político, nacionalista e músico, sendo o único sobrevivente do então conjunto musical N’gola Ritmos.
Entre a arte e a política, Amadeu desempenhou várias funções no governo angolano e é reconhecido pelo seu contributo nas lutas para a independência de Angola.
Electricista da Câmara Municipal de Luanda, foi preso em 1959 na vaga de prisões da PIDE, que em Angola deu lugar a três processos judiciais vulgarmente conhecidos como “Processo dos 50”.
Acusado de pertencer ao Movimento para a Independência de Angola (MIA), cujos elementos mais tarde integraram o MPLA, foi julgado no Tribunal Militar Territorial de Angola (Processo 34/60), tendo sido sentenciado, em 1961, a 18 meses de cadeia (já cumpridos à data da sentença) e à perda de todos os direitos políticos por 5 anos.
Além da prisão e restrições, foram-lhe ainda aplicadas medidas de segurança com internamento de 6 meses a 3 anos, prorrogáveis, o que o levou a ser enviado para a prisão do Tarrafal, em Cabo Verde, onde ficou por quase três anos.
Ao lado de Liceu Vieira Dias, Domingos Van-Dúnem, Mário da Silva Araújo, Manuel dos Passos, Nino Ndongo, Belita Palma, Lourdes Van Dunem e Zé Maria, Amadeu Amorim fazia parte dos integrantes do conjunto N’Gola Ritmos, um dos mais importantes e influentes grupos musicais de Angola, do século XX.









