Sala cheia, olhos no painel, capacidade interactiva, de intervenção e de retenção, foi o que pudemos observar neste colóquio realizado no Arquivo Nacional de Angola, no âmbito do 50.º Aniversário da Independência Nacional
Uma aula magna, assim foi caracterizada o recémterminado colóquio realizado sob tema “Reviver a História Pela Independência Nacional”, no Auditório Uanhenga Xitu, do Arquivo Nacional de Angola (ANA), onde a juventude angolana, mais uma vez foi desafiada a estudar e a conhecer melhor a nossa história, a nossa cultura, o nosso património natural, a nossa geografia, bem como como as raízes e os fundamentos da nossa identidade.
O encontro foi considerado pelos participantes como produtivo, participativo e abrangente, do ponto de vista das temáticas envolventes, levando os jovens estudantes participantes a dissiparem as suas dúvidas em vários aspectos. Foi tido como uma oportunidade única que os conferencistas tiveram, de ouvir testemunhos directos, reflectir sobre os marcos essenciais da Nação e fortalecer a preservação da Memória Histórica Colectiva.
O mesmo reuniu distintas personalidades que participaram no processo de Luta pela Independência Nacional, académicos, membros dos Órgãos de Defesa e Segurança, directores gerais e nacionais do Ministério da Cultura, Autoridades Tradicionais e Eclesiásticas, ninguém quis ficar de fora ou perder um detalhe.
Na ocasião, o músico nacionalista, Amadeu Amorim, que também foi um dos prelectores desta conferência, focou a sua abordagem no tema “Memórias da Luta Clandestina pela Independência Nacional”, recordando as prisões arbitrárias daquela época, as torturas a que muitos angolanos eram submetidos pela PID DGS, bem como as peripécias por que passou enquanto prisioneiro na Cadeia de São Paulo, em Luanda e Tarrafal, na Ilha de Maio, em Cabo Verde, para onde foi posteriormente transferido.
Referiu que os dados da nossa história foram apresentados por testemunhas ali presentes, de modo a facilitar todos os esclarecimentos a ele devidos. “Os dados da nossa história estão a ser apresentados por testemunhas que estão aqui. É bom para fazer também esta impulsão, porque a PID DGS, não estava sozinha, tinha também os seus “bufos” (informantes), mas de forma muito, muito, sintetizada”, realçou. Preocupado com a actual situação dos jovens, o nacionalista referiu que a juventude está descontrolada e sem qualquer iniciativa, e inentivou a estudar para que futuramente não possam ser enganados, quer por entidades externas, quer internas, de modo a assegurarem o país de qualquer ameaça. Amadeu Amorim, que por sinal é o único sobrevivente do Conjunto Ngola Ritmos, sublinhou igualmente que música teve um papel de relevo na mobilização da população para a Luta de Libertação Nacional, entre outros aspectos.
Estudar para compreender a história do país
Quem também alinhou no mesmo diapasão, foi a académica, Ângela Bragança, que também apelou a juventude a demarcar-se de falsos estudos e a pautar por pesquisas que os levam a compreender e a informar-se melhor. “Quando estamos a falar de tempo de libertação, é desta luta, de despertar, de assumir, de debater. Depois vem o tempo da reconstrução, de construir o país.
Nós temos o país dentro de 4 décadas do conflito, onde se passou toda essa história”, disse. Ângela Bragança que respondia a uma questão colocada por uma estudante universitária durante o colóquio, referiu que a cada momento da história, tem novos elementos, cabendo assim a juventude a informar-se desses momentos. A dirigente desafiou a juventude a usar ferramentas de investigação, para a inclusão, e a título de exemplo, destacou a Google como um dos recursos.
Percurso do país representados nos 50 anos da Dipanda
Já o anfitrião, Justino da Glória Ramos, director geral do Arquivo Nacional de Angola, recordou que Angola sempre teve uma história própria, peculiar e verdadeira, uma história de bravos guerreiros, de lutas e conquistas, de dor e lágrimas, que deram vida a um grito de liberdade. São lágrimas que, no seu entender, regaram a verdade e fizeram alcançar com muito sofrimento, esforço e glória final, essa liberdade que entrou para a História Universal.
Referiu que os 50 anos da nossa Independência representam o longo percurso da nossa história onde muitos pagaram com a liberdade e a vida a sua dedicação à nobre causa da Pátria. “Quero incitar a todos, sobretudo os mais jovens, a estudarem e a conhecerem melhor a nossa história, a nossa cultura, o nosso património natural, a nossa geografia, as raízes e os fundamentos da nossa identidade”, sublinhou.









