Ainda ecoam os pronunciamentos do Presidente João Lourenço, em entrevista à TPA, numa conversa em que abordou vários aspectos da vida nacional e internacional. Claro que a questão da sucessão, sobretudo as infor- mações que apontavam como tendo já benzido o político Higino Carneiro, acabou por liderar as discussões.
Certamente, o debate prolongar-se-á. Não só em torno do político em questão, mas principalmente porque a questão da sucessão irá alimentar debates tele- visivos, encher páginas de jornais, escritos nas redes sociais e até mesmo em sentadas de quintais. Haverá, com certeza, tempo suficiente para se regressar ao tema, uma vez que as eleições estão aprazadas para 2027, embora nesta fase existam já aqueles que se pontifiquem em querer liderar a corrida. Mesmo não se sabendo se estarão ou não na competição preliminar e depois na oficial.
Durante a entrevista, concedida ao jornalista Ernesto Bartolomeu, chamou-me a atenção o facto de o Presidente da República ter garantido que, se tivesse dinheiro suficiente, avançaria para a segunda fase do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM). De iniciativa presidencial, o referido programa, que foi implementado em todo o país, serviu para munir os municípios de muitas infra-estruturas e serviços até então inexistentes.
Foram várias as escolas, postos de saúde, quadras desportivas, jardins e outras obras que acabaram inscritas para servirem muitas zonas no interior, muitas das quais os resultados estão visíveis. Em alguns casos, como na Lunda-Sul, por exemplo, os projectos inscritos foram implementados em 100 por cento. Mas outros, como na província de Malanje, ainda não são visíveis os verdadeiros efeitos, por conta do atraso e das maracutaias usadas durante o pro- cesso de selecção e contratação de empresas.
Se, por um lado, são visíveis os efeitos, com o aumento indiscutível do número de salas e camas hospitalares, por exemplo, por outro, também é sabido que o PIIM acabou por propiciar a entrada de muitas empresas em vários sectores, algumas das quais incapa- zes de efectuarem obras de vulto que venham a justificar os milhões de kwanzas empregues. É tão bom ver que os patrões do Presidente, entenda-se a população, se sintam beneficiados com as infra-estruturas construídas no âmbito do PIIM.
As necessidades são tão prementes que não justificava que se guardasse muitos dos fundos, porque o futuro depende, sim, do nível de educação, saúde e condições de vida que se pode proporcionar aos mais novos e até adultos. Mas, antes que se parta já para um PIIM 2, seria de todo essencial que se faça um balanço do processo, averiguar os seus constrangimentos e afinar o processo de selecção de empresas para o efeito. Porque é neste último item em que muitos acabaram por municipalizar uma vez mais a corrupção. …