Saudações cordiais, digníssimo coordenador do jornal OPAÍS! Diferente da água, pelo menos, o projecto “Energia para Todos” parece ser uma realidade no país ou, pelo menos, nas grandes localidades. Luanda, por exemplo, é prova disso. Temos energia. Apesar dos apesares, ela não vai; só desligam para manutenção e, às vezes, até avisam.
Vivi no bairro Golf, município de Kilamba Kiaxi, há mais de vinte anos e, como tal, só ouvíamos falar de energia pré-paga raramente pela TV. Pensávamos nós, na nossa pura inocência, que era coisa de ricos, sim, dos boss. Recentemente, fomos surpreendidos. Aquilo que era “coisa de ricos” chegou também agora aos musseques, no guetão e, para o nosso governo, ninguém está a perceber patavina nenhuma, modéstia à parte.
A população entrou em pânico e em alerta. Todos querem essa energia, mas ninguém está a perceber o seu funcionamento na prática. É aí onde o ministério de tutela peca. Infelizmente, algumas instituições do Estado comunicam muito mal, em pleno século XXI, onde a informação é poder e a comunicação é ferramenta de governação.
Meus senhores, a comunicação institucional parece que nunca esteve na agenda das nossas instituições. Uma ou outra utiliza com eficiência; as demais ficam apenas pelo gabinete. Verdade seja dita, ainda temos uma população, maioritariamente, menos esclarecida. E uma boa comunicação sempre faz toda a diferença, principalmente numa época em que as redes sociais se tornaram a companhia diária dos cidadãos.
Meus camaradas, sobre o uso da energia pré-paga, para nós nada sabemos: desde a sua forma de consumo, actualização, compra, adiantamento e controlo. Há toda uma necessidade de se introduzir essa nova cultura de consumo, daqui para frente.
Contudo, como acontecia em programas de vacinação do Ministério da Saúde, haveria, e ainda há tempo, programas de TV e rádio, até mesmo grupos de teatro, para passarem a informação sobre a nova forma de consumo da energia eléctrica. Uns, até só de ouvirem que cada um pagará somente aquilo que consumir, já deixaram as ruas às escuras. Já ninguém quer acender uma lâmpada fora. O segredo agora está na poupança.
POR: Elácio Domingos (Jornalista)









