O futebol, esse espelho de emoções e debates infindáveis, volta a incendiar conversas em torno da pré-convocatória da Selecção Nacional para o CAN 2025. Patrice Beaumelle apresentou uma lista de 55 nomes, marcada por regressos, algumas estreias promissoras e, inevitavelmente, ausências que não passam despercebidas. A mais gritante talvez seja a de Inácio Miguel, actual capitão do Kaizer Chiefs da África do Sul.
O defesa central, que em Janeiro de 2024 ainda mereceu a confiança do antigo técnico nacional, parece agora varrido do mapa das opções, como se não tivesse sido um nome relevante dos Palancas. Não é o único a ficar de fora — mas é, talvez, o que mais representa a inquietação de quem dá tudo pela camisola e depois vê a porta fechada sem grandes explicações. Mas sei que o futebol também é isso, um palco onde o mérito nem sempre sobe ao relvado.
Em contrapartida, os olhos voltam-se com entusiasmo para o regresso de Fábio Abreu. O melhor marcador da 1.ª Liga chinesa — 28 golos em 30 jogos — é uma chamada que se justifica por si só. A sua ausência prolongada tinha causado estranheza, e a sua presença nesta fase mostra que, por vezes, o tempo faz justiça.
Ainda assim, é bom lembrar que esta é uma pré-convocatória. Nem tudo está garantido, nem para Abreu nem para os outros futebolistas como João Batxi, Capita Capemba ou André Vidigal. O que se pede, acima de tudo, é critério, coerência entre rendimento e oportunidade de representar a Equipa Nacional na maior montra do futebol africano.
E também humanidade, essa que tantas vezes falta quando se trata de cortar nomes que, por entrega e talento, merecem pelo menos uma explicação pública. O CAN de Marrocos está à porta, e Angola leva consigo a esperança de voltar a fazer vibrar os milhões de angolanos, unindo o país de Cabinda ao Cunene.
E quando a bola começar a rolar, as dúvidas vão dar lugar ao sentimento patriótico. Independentemente das escolhas, dos ausentes ou das surpresas, há uma marca que nos une: Angola.
Não vale ficar no muro, é hora de vestir as cores, erguer a bandeira e apoiar, em uníssono, os nossos Palancas Negras. Que cada golo, cada corte e cada esforço em campo sejam celebrados com orgulho da bandeira nacional.
Por: Luís Caetano









