Os governos de África devem traçar políticas e projectos conjuntos para potenciar a cadeia de valor de produção e obter melhores parcerias com os investidores enquadrados na cooperação “win-win”, com vista a evitar a exportação de matéria-prima bruta e potenciar a economia continental, segundo especialistas africanos e europeus
Ao intervir no 8.º Fórum de Negócios União Africana – União Europeia, enquadrado na Cimeira dos dois continentes, que termi- nou nesta terça-feira em Luanda, os conferencistas reconheceram que o continente africano está sempre em desvantagem face à Europa, devido à ausência de políticas harmonizadas e de integração regional.
Apontaram também a fraca capa- cidade em infra-estruturas, particularmente em energia, água e estrada, aliada aos constrangimentos fronteiriços e aduaneiros. Sublinharam que esta realidade propicia a exportação de altos volumes de minerais de transição para a Europa, no caso particular, fazendo retardar o desenvolvimento tecnológico, social e económico de África.
A propósito, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, disse que até 2017, período em que assumiu a pasta, percebeu-se que havia um elevado número de pedidos de exploração de recursos minerais, como ouro, quartzo e outros, evidenciando alto interesse. Para alterar esse quadro, recordou, o Executivo angolano decidiu restringir e em alguns casos proibir a exportação, particularmente do quartzo, acção que resultou na implementação de fábricas de processamento de minerais.
Nesse período, surgiram seis unidades fabris de quartzo, nove de lapidação de diamantes, uma de cobre, estando prevista a inauguração da primeira refinaria de ouro do país, em breve, e nos próximos dois anos mais indústrias de outros recursos. Referiu que o Governo também apostou forte na construção de quatro refinarias, para aumentar a produção interna, a par de outras iniciativas.
“Esse deve ser o caminho de África para travar a exportação e conseguir vantagens mútuas num quadro de negociações abertas, no sentido de os financiamentos reflectirem efectivamente na vida dos cidadãos”, asseverou. Por sua vez, a directora-geral da Agência de Desenvolvimento da União Africana – Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (AUDA-NEPAD), Nardos Bekele Thomas, a África precisa estabelecer a interdependência competitiva para descontinuar as acções europeias que “olham” para o continente apenas como lugar de matéria-prima.
Na sua visão, os recursos minerais africanos devem se converter na melhoria da qualidade de vida dos nativos, com mais água e energia, e na criação de postos de emprego, a par da transferência de conhecimento e inovação tecnológica. A responsável reforçou que é pre- ciso abrir-se para os mercados regionais e para a Zona de Comércio Livre Africana.
Por sua vez, a equipa da União Europeia destacou que a organização tem vindo a investir num ambien- te conducente, mas que os Governos africanos precisam de criar infra-estruturas críticas para o desenvolvimento, tais como energia, água, estradas para apoiar a cadeia de valor.
Para o bloco europeu, somente de- pois de se ultrapassar esses constrangimentos será possível potencializar o agronegócio, por exemplo, com reflexos mais tangíveis nas populações. Já o representante do Banco Africano de Desenvolvimento, Pietro Toigo, os minerais devem ajudar a criar infra-estruturas e Governos devem expressar maiores ambições na harmonização das políticas de integração regional e começar a fazer negócios conjuntos, como é o caso do Corredor do Lobito.









