Existente há mais de 30 anos, a Brigada de Jovens Artistas Plásticos (BJAP) é uma associação artístico-cultural filiada à União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP), criada com o intuito de instruir, direccionar e lapidar jovens promissores com talentos voltados às artes visuais e plásticas. No entanto, desde finais de 2023 que a organização tem estado paralisada por falta de um corpo directivo, aguardando a realização da assembleia que, há quase dois anos, aparentemente, tem sido “evitada”
Criada com o objectivo de servir de “filtro” de lapidação de jovens talentosos com fortes potenciais nas artes visuais e plásticas, BJAP é uma organização artístico-cultural, com pendor académico, que tema missão de preparar estes artistas antes de se tornarem oficialmente membros da UNAP ou serem considerados artisticamente profissionais.
Apesar de existir há vários anos e com uma vasta experiência no que se refere à lapidação de talentos artísticos, enfrenta hoje inúmeras dificuldades para se manter em pé e levar a cabo a missão pela qual foi criada, uma situação que se vive desde finais de 2023.
A declinação da organização começou há sensivelmente quatro anos, com a saída do antigo coordenador-geral, Adão Guimarães Mussungo, que cumpriu dois mandatos à frente da Brigada (2014 a 2021), deixando um vazio em termos de experiência, visão estratégica e gestão da própria organização.
Meses depois, a organização ainda tentou se reajustar com a liderança de Manuel Ventura, que dirigiu a brigada após a saída de Adão Mussungo, no entanto, teve que abdicar do cargo devido às responsabilidades laborais que não o permitiam estar totalmente disponível para liderar a organização artística.
Desde a saída de Manuel Ventura, em 2023, até a presente data, a Brigada nunca mais conseguiu realizar qualquer assembleia para eleger/nomear uma nova direcção, situação que deixa a organização paralisada e os membros desorientados.
Desolados com a situação, os membros da referida organização mostram-se preocupados e céticos em relação ao futuro da organização, visto que já lá vão quase dois anos sem qualquer sinal de melhoria do quadro actual.
Jardel Selele, artista plástico e membro da BJAP, defende uma mudança estruturante na organização, desde as políticas de gestão até a própria instalação onde funciona, sublinhando que a BJAP precisa de uma nova roupagem e um novo visual que se adeque aos novos contextos da arte. “A BJAP, apesar de ser uma célula criada pela UNAP, eu acho que primeiramente ela precisa de imigrar de infraestrutura”, começou por defender o jovem artista.
O mesmo afirma que o ambiente da infraestrutura onde opera a UNAP, que por sinal é também a sede da BJAP, não é muito convidativoe que precisa ser remodelado para proporcionar um ambiente mais acolhedor e inspirador aos artistas.
“Falo isso na primeira pessoa porque tenho estado lá e constato isso. Se ela migrar a sua sede, acredito que vai criar um espaço melhor, mais atractivo que vai permitir aos artistas poderem explorar e trabalhar melhor”, apontou.
Selele considerou também como solução a ideia de se fazer um inquérito aos jovens artistas integrantes da brigada e não só, no sentido de se apurar quais as reais necessidades da organização, os seus desafios e o que se pode fazer para se ultrapassar os obstáculos e melhorar a situação.
Realização de assembleia o mais breve possível
Para se sair do estado actual em que se encontra, os membros defendem a realização que de uma assembleia urgentemente, de modo a se reprojectar a brigada e os vários programas que a mesma tem em carteira para ajudar na melhoria das qualificações dos artistas. Para Ladislau Cusseca, membro da BJAP há mais de 15 anos, um dos primeiros passos a se dar é a eleição ou nomeação de uma direcção para dar continuidade aos projectos e programas da organização.
“A BJAP não tem direcção, e nesta condição não tem pernas para andar”, disse o jovem cartoonista, reconhecendo que a competência de convocar a assembleia cabe a UNPA na qualidade de entidade supervisora da Brigada Jovem de Artes Plásticas.
“Cabe à UNPA convocar um congresso extraordinário para poder marcar a data da assembleia para ver se, o mais rápido possível, se elege a nova direcção da BJAP, que é o que mais se precisa nesta altura”, apelou.
Ladislau Cusseca reconhece o papel preponderante da BJAP no processo de afinação dos jovens talentos nas artes visuais e plásticas e, por isso, apela à adopção de medidas urgentes que possam tirar a organização desta “paralisação” e voltar ao activo para aquilo que são os seus propósitos.