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Entre a medição e o fenómeno: Uma explanação técnica e semântica sobre as quedas pluviométricas e as quedas pluviais

Jornal OPaís por Jornal OPaís
11 de Julho, 2025
Em Opinião
Tempo de Leitura: 5 mins de leitura
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O emprego rigoroso da linguagem é uma exigência indispensável para a clareza científica, especialmente quando se trata de terminologia técnica que, pelo seu uso frequente, pode adquirir sentidos ambíguos ou incorrectos.

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Uma das confusões mais recorrentes no domínio da climatologia, em alguns níveis, é o uso indistinto – e inadequado – das expressões “queda pluvial” e “queda pluviométrica”.

A primeira refere-se ao fenómeno da precipitação – a chuva em si –, enquanto a segunda confunde o acto de medição com o fenómeno medido. Nenhuma medição cai. O que cai é a água da chuva; a medição é o registo técnico do seu volume.

Etimologicamente, “pluvial” provém do latim pluvialis, “relativo à chuva”, descrevendo o fenómeno atmosférico. Já “pluviométrico” deriva de pluvia (chuva) e metron (medida), designando instrumentos, métodos e dados de medição. A confusão surge ao misturar o acontecimento natural com a análise técnica. Falar em “queda pluviométrica” é equívoco linguístico e erro científico.

A forma correcta é “queda pluvial”; e a quantidade registada deve dizer-se, por exemplo, “registo pluviométrico de 80 mm”. Esta distinção não é meramente académica. A linguagem molda a compreensão e condiciona a acção.

A diferença entre fenómeno e medição tem implicações directas na meteorologia, agricultura, gestão ambiental e elaboração de políticas públicas. Um relatório que refere “quedas pluviométricas de apenas 100 mm” erra ao confundir medição com fenómeno. O correcto seria: “precipitações pluviais que totalizaram 100 mm, segundo os da dos pluviométricos registados”.

A precisão evita equívocos e reforça a clareza. A ciência meteorológica distingue claramente entre o plano físico da chuva e o da quantificação técnica. Os pluviômetros recolhem dados da chuva que caiu num dado tempo e espaço, expressos em milímetros de altura por metro quadrado.

A essa medição chama-se “índice pluviométrico” ou “dados de precipitação”. O acto da chuva permanece no domínio do fenómeno atmosférico e deve ser referido como “chuva”, “precipitação” ou “queda pluvial”.

A expressão “queda pluviométrica” é frequente e pode decorrer da semelhança fonética entre “pluvial” e “pluviométrico” ou da suposição errónea de que são equivalentes.

Contudo, é um deslize que deve ser corrigido, sobretudo quando se pretende comunicar com precisão. Em certas províncias do nosso país, a estação das chuvas começa antes de Setembro, sendo a presença da chuva frequentemente mencionada — ora celebrada, ora lamentada.

Nessa narrativa constante, o rigor terminológico contribui para uma melhor leitura da realidade, especialmente em tempos de alterações climáticas e escassez hídrica. O uso correcto da terminologia evita a confusão entre dados técnicos e acontecimentos físicos.

“Precipitações pluviais de fraca intensidade” descrevem um fenómeno observado; “registos pluviométricos baixos” referem-se a valores medidos. Cada expressão tem o seu lugar.

O uso indiscriminado compromete a integridade da informação e a coerência interna dos discursos técnicos. Dizer-se que “o índice pluviométrico médio anual é de 850 mm” exprime correctamente a média da precipitação medida. Também é adequado afirmar que “as precipitações pluviais de Outubro superaram os valores normais”.

Nestes casos, o vocabulário técnico é funcional e fiel ao real. A distinção entre “pluvial” e “pluviométrico” deve ser cultivada desde os manuais escolares até aos pareceres científicos.

Glossários temáticos e formação continuada nas ciências da terra, engenharia, planeamento ambiental e comunicação técnica são cruciais para sedimentar esse domínio.

Simultaneamente, importa reconhecer que “queda pluviométrica” se tornou comum, o que motiva a sua repetição sem questionamento. Torna-se, pois, necessário adoptar uma atitude pedagógica, que oriente os utilizadores da língua para a precisão necessária ao discurso técnico. Corrigir um termo contribui para a exactidão conceptual e para a qualidade da comunicação pública.

O rigor linguístico é uma forma de respeito pela realidade e pelo público. Expressões como “índice pluviométrico acumulado” ou “precipitação pluvial registada” preservam a distinção entre o facto físico e o dado técnico, reforçam a confiança e constroem uma cultura científica sólida, capaz de enfrentar os desafios contemporâneos. A linguagem científica compromete-se com a precisão. Quando transita para o uso comum, transforma-se em instrumento de formação cidadã.

A correcção terminológica não é um luxo académico, mas uma exigência de clareza. Uma cidadania informada exige linguagem rigorosa e inteligível sobre clima e recursos naturais. Em síntese, a “queda pluvial” é a precipitação da água da atmosfera.

A “pluviometria” é a ciência e técnica da sua medição. Os termos não são equivalentes. A chuva é pluvial; a sua medição é pluviométrica. Confundi-los compromete a exactidão do discurso e dificulta o entendimento.

Por conseguinte, deve evitar-se “queda pluviométrica”, usandose “queda pluvial” para designar o fenómeno. E “valor pluviométrico” ou “registo pluviométrico” para a medição.

Esta distinção eleva o nível da comunicação e favorece a compreensão do meio ambiente. Em tempos de alterações climáticas e escassez hídrica, o cuidado com as palavras é parte do cuidado com o mundo. A precisão terminológica é, pois, um imperativo técnico, ético e civilizacional.

Por: JOÃO BAPTISTA KUSSUMUA

Luanda, 11 de Julho de 2025

  • Licenciado em Geografia
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