À coordenação do jornal OPAÍS, saudações e votos de óptima sexta-feira! Aproveito o vosso espaço, Carta do Leitor, para falar um pouco das cenas, apelidadas por mim, de amor e ódio, entre as zungueiras, fiscais e agentes da Polícia Nacional da ordem pública.
Em vários pontos da cidade de Luanda e arredores, este cenário é visível. Zungueiras de um lado e os fiscais e agentes da Polícia Nacional noutro. As zungueiras querem vender.
Os fiscais e os polícias querem fazer o trabalho que lhes compete. Retirar as senhoras de locais impróprios para a venda itinerante. A confusão é tanta que, às tantas, elas ficam a cantar, irritando os fiscais e os polícias de um lado, mas, mesmo assim, fazem o seu trabalho, vendem tudo e mais alguma coisa.
Os fiscais e polícias, incansáveis, lutam para manter a ordem e a tranquilidade pública. Uma luta daquelas. Às vezes, os cidadãos que por esses pontos passam, matam-se de rir.
O mais engraçado é que, na hora do almoço, as zungueiras, os fiscais e alguns polícias cruzam na casa do almoço. Conversam, dão-se “kwatas” e, muitas vezes, até rola cena de amor.
É caso para dizer que cada um faz o seu trabalho, mas na hora do relaxe entra o espírito de camaradagem e de irmandade. Na semana em que o salário cai, as zungueiras sofrem.
Apanham muita corrida. Mas, quando o dia começa a morrer, chega o momento de beber uma cerveja e, às tantas, ficam juntos, como se nada tivesse acontecido no período da manhã ou da tarde.
Basta dizer que, se as autoridades merlhorarem as condições trabalho, implica que as zungueiras, fiscais e os polícias poderão conviver pacificamente nos grandes pontos de comércio. Caetano Mbembe, Luanda