Os ministros dos países africanos, responsáveis pelo sector dos recursos minerais, reunidos nesta quarta-feira, em Luanda, defenderam a necessidade de trabalharem unidos para a valorização do diamante natural, face à realidade que o mercado global enfrenta com o surgimento das alternativas sintéticas, os diamantes produzidos nos laboratórios
Na mesa-redonda presidida pelo ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, em que participaram os seus homólogos da África do Sul, Botswana, República Democrática do Congo e Namíbia, alinharam-se estratégia para responder aos desafios que a indústria enfrenta.
Os ministros querem implementar acções em todo sector para reforçar a promoção do valor inerente e o impacto positivo dos diamantes naturais, bem como inspirar uma nova geração de consumidores globais sobre a sua raridade e beleza, a fim de ajudar a garantir o seu impacto positivo contínuo nas nações e comunidades produtoras nas próximas décadas.
Diamantino Azevedo destacou que, desde 2022, os mercados globais enfrentam uma série de perturbações com o surgimento dos diamantes alternativos, sintéticos, produzidos em laboratórios, fenómeno que, segundo disse, tem vindo a ganhar terreno, sobretudo em mercados consumidores como os Estados Unidos da América e a China.
Mas, para o ministro, em cada desafio reside uma oportunidade, por isso, a reunião de Luanda serviu para reflexão e alinhamento de estratégias para defender a produção do diamante natural.
Nos dados apresentados por Diamantino de Azevedo, calcula-se que a África é responsável por mais de 65% da produção de diamantes brutos, com Angola, Botswana, passando pela África do Sul, Namíbia, República Democrática do Congo (RDC) e Serra Leoa, entre os principais produtores.
Em Angola, segundo o ministro, os diamantes têm contribuído significativamente para a reconstrução nacional, financiando escolas, hospitais, estradas e sistemas de abastecimento de água.
Ainda sobre números, em 2024, Angola produziu mais de 14 milhões de quilates, 96% da meta nacional, o que demonstra a resiliência do sector. Dentre as acções em curso, o ministro destacou a inauguração da mina de diamante do Luele, a segunda maior do planeta em exploração a céu aberto, e a expansão do Pólo de Desenvolvimento de Diamante de Saurimo, com mais 19 novas fábricas.
Aos presentes na reunião de Luanda, Diamantino Azevedo alertou que ninguém pode alcançar o sucesso de forma isolada e, por isso, considerou ser o momento de os países africanos produtores de diamantes alinharem-se a uma só voz, para a defesa daquilo que legalmente lhes pertence.
Países alinhados
A ministra dos recursos minerais e energia de Botswana, Bongolo Kenewendo, disse estar alinhada aos novos desafios. O responsável entende, por outro lado, que os diamantes não são apenas poder, mas símbolo de resiliência.
“Eles devem tornar sonhos em realidade, através de construção de escolas, hospitais e outros projectos de impacto social nas comunidades”, exemplificando o caso de Angola.
Por sua vez, o ministro das Minas da República Democrática do Congo (RDC), Kizito Pakabomba, defendeu a cooperação entre os países e actores da indústria.
A RDC, de acordo com Pakabomba está pronta a colaborar na elaboração de uma estratégia africana para o sector diamantífero. Já a África do Sul, que começou a explorar diamantes e ouro em 1940, tendo como companhia de destaque a De Beers, defende a necessidade de se fazer publicidade das pequenas empresas, valorizá-las porque contribuem também para o Produto Interno Bruto.
Na República da Namíbia, o sector dos diamantes contribui com 16,3% do PIB, segundo a ministra da Indústria e Minas daquele país, Gaudentia Khrone.
O desafio do país vizinho de Angola é aumentar a sua produção, daí que, em 1999, capitalizou licenças para lapidação e corte de diamantes, com vista à redução das exportações de diamantes brutos. Importa referir que, no fim da reunião, foi produzido um compromisso, o chamado “Acordo de Luanda”, assinado, pelos países participantes.
Por: José Zangui