Em pleno período defeso da maior competição futebolística do país, o Girabola, a Federação Angolana de Futebol e a ANCAF anunciaram a realização, no próximo ano, da fase experimental da Liga de Futebol de Angola.
Trata-se de uma acção há muito esperada por muitas equipas no país. Mas também não existem outras que pensam o contrário, como o Wiliete de Benguela, cujo presidente terá mesmo manifestado a sua aversão de forma clara. Mas, depois do entendimento ocorrido há dias, parece que desta vez será para valer.
Aliás, é um desejo antigo de Alves Simões, que dirigiu a ANCAF, onde era coadjuvado por João Lusivikueno, agora nas vestes de principal dirigente. Pessoalmente, não tenho dúvidas de que terá chegado já o momento de se avançar para uma liga e deixar de lado o amadorismo que vimos em épocas anteriores.
Por exemplo, nesta fase, antes mesmo da abertura da pré-época, não se pode sequer aceitar que uma equipa recém-promovida, sem mesmo ter aquecido o banco, já tenha vindo anunciar que não sabe como irá suportar as despesas da competição.
É indiscutível que se deve partir para organizações que dêem um novo prisma à nossa maior competição futebolística, à semelhança do que acontece noutros pontos do mundo.
Em muitos destes países, as suas ligas se transformaram em verdadeiras máquinas de fazer dinheiro, empregando milhares de pessoas e gerando receitas para o Estado.
Em Angola, vimos o inverso. Exceptuando algumas poucas equipas, os maiores emblemas vivem à custa do Estado, com alguns deles ainda dependentes em quase toda a sua esfera.
E nem se vislumbra que este cenário venha a mudar num curto espaço de tempo se não se adoptarem modelos que nos levem a encostar naquelas ligas que, mesmo no continente africano, já vão gerando receitas.
Até aqui tudo bem. Mas, do outro lado, há uma preocupação que vai para além da nova estrutura que se pretende para o futebol, nem tão pouco para os ganhos que advirão.
Os receios prendem-se ao possível afastamento ou não da denominação Girabola, visto por muitos como um património dos angolanos que ultrapassou o mundo.
Para muitos, pode parecer uma situação insignificante. Porque algumas empresas patrocinadoras irão impor os seus nomes. O que poderá levar a constantes alterações. O ideal seria que se perpetuasse a actual designação, acrescido do nome dos futuros patrocinadores.