O termo currículo deriva do verbo latim currere (correr) e do substantivo curriculum cujo sentido é curso, carreira, trajectória, caminho, percurso, jornada. No Dicionário Aurélio (2009), citado por Fernandes (2014), a palavra currículo significa “as matérias constantes em um curso”, ou seja, são as disciplinas a serem cursadas, a serem cumpridas em um determinado percurso formativo.
Dito de outro modo, o lexema currículo aponta para as matérias que fazem parte de um determinado ciclo formativo, de modo estrutural e sequencial. Compreende-se, resumidamente, que, considerando o seu sentido verbal de acção (correr) ou mesmo o sentido substantivado (trajectória, percurso), identificado na sua origem, o currículo acaba por relacionar-se com a organização do ensino, com o campo pedagógico.
Do mesmo modo, o currículo encontra-se intrinsecamente ligado à realidade escolar, do qual a prática educative é orientada na sua plenitude. Por outro lado, o currículo, enquanto coração da escola, é norteado por questões ligadas aos conhecimentos que o devem construir, aos saberes e culturas a serem priorizados, bem como ao contexto social em que acontece o processo educativo.
Grosso modo, a escola tem o papel de contribuir para a formação de sujeitos autónomos e conscientes, a fim de poderem viver e participar activamente de uma sociedade escolarizada. Para levar a cabo o seu papel de formadora, a escola selecciona diversos conteúdos relacionados às diferentes áreas do saber, tornando, deste modo, o conhecimento como um dos elementos nucleares do currículo.
Tendo em vista à perspectiva mais tradicional, a escola tem a função de transmitir os conhecimentos universalmente sistematizados. Nesse âmbito, o conhecimento que comporá o currículo terá características científicas, pautando por uma lógica disciplinar, as quais contribuem para a aquisição de valores universais ligados à actividade racional e à cultura científica.
Para alguns teóricos, como Paulo Freire, referenciado por Fernandes (op. Cit.), a escola tradicional não teria priorizado o conhecimento académico como único, neutro e verdadeiro; pois, para exercer a função política e cultural, deve produzir, com os sujeitos aprendentes, conhecimentos contextualizados e problematizados.
Ademais, o conhecimento deve ser aprendido, criado e ressignificado, de modo que o currículo contribua para a compreensão do aluno sobre o processo social. Portanto, não se pode pensar o currículo como algo neutro ou estático, pois ele é intencional e dinâmico, possível de ser modificado conforme o projecto formativo dos diferentes sujeitos presentes em sala de aulsa, com diferentes culturas.
Nesse âmbito, são relevantes, na produção ou desenvolvimento do currículo, questionamentos acerca do projecto formativo a ser vivenciado, tornando explícito o tipo de sociedade que se quer construir, o tipo de sujeito que se quer formar e os conhecimentos ou educação necessários.
Por: FELICIANO ANTÓNIO DE CASTRO
Referência Bibliográfica
Fernandes, N.L.R. (2014). Currículos e Programas da EducaçãoFELICIANO ANTÓNIO DE CASTRO
Profissional, Científica e Tecnológica (EPCT). Fortaleza: Universidade Aberta do Brasil