Embora vivamos em época de combate à corrupção, ainda continuamos a assistir a episódios que nos levam a reflectir que a maioria dos cidadãos angolanos terá compreendido a necessidade de se empreender um combate acérrimo ao fenómeno e as vantagens caso se consiga, no mínimo, freá-la.
A forma despudorada como muitos agentes públicos aderem aos mínimos acenos para se poder ganhar mais um pouco, mas fora dos meandros da legalidade, sugere que estaremos perante uma luta, titânica, que levará ainda muito tempo. Não que estejamos diante de um combate em que se pode observar, à partida, vencedores antecipados.
Mas as acções dos cidadãos, funcionários públicos ou privados, podem ajudar a construir a mensagem de que o futuro possa ser promissor. Para muitos, trata-se somente de uma guerra aberta pelo Presidente da República, João Lourenço.
Esquecem-se muitos de nós de que, antes deste ter franqueado as portas da Cidade Alta, já o seu antecessor, o malogrado Presidente José Eduardo dos Santos, descrevera a corrupção como sendo o segundo mal no país depois da guerra.
Terminada a guerra, em 2002, na sequência da morte de Jonas Savimbi, nas matas do Lucusse, no Moxico, havia a necessidade de se instalar no país uma nova forma de ser e de se estar na vida.
Ou seja, uma realidade que estivesse assente no trabalho honesto e ganhos legais, embora se reconheça que existam muitos que se sintam tentados. Instalou-se em muitos círculos a ideia de que se está a perder o combate à corrupção.
Para alguns, apesar dos males que causa em todos, diminuindo o acesso de verbas aos mais necessitados ou até mesmo viciando concursos, o que assistimos é apenas uma iniciativa pessoal de quem nos dirige, como se não tivéssemos sido quase todos vítimas de um sistema que é imperioso corrigir.
Ainda é comum termos acesso a informações de supostos actos de corrupção em que estão apontadas figuras ligadas a instituições do Estado, algumas até em posição relevante.
Mas poucas são as estruturas que mergulham a fundo no sentido de apurar se os seus técnicos estão ou não envolvidos, vindo depois a público anunciando os resultados da investigação, as respectivas sanções administrativas, ou até mesmo realçando o não envolvimento dos técnicos. Como tudo na vida, existem sempre algumas iminências pardas que devem ser reconhecidas.
Poucas, mas estão aí e devem merecer o reconhecimento da própria sociedade, porque as suas acções visam proporcionar aos cidadãos melhores serviços, com qualidade e confiança.
E uma destas figuras é, indiscutivelmente, o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Marcy Lopes. Nos últimos dias, sancionou e entregou à justiça sete funcionários por actos de corrupção.
Não se trata do primeiro grupo. O que demonstra que, se houver mais denúncias, o governante estaria disponível a apurar responsabilidades e punir os prevaricadores