A Rússia anunciou, nessa Terça-feira (30), que derrubou oito drones ucranianos lançados contra Moscovo e a sua região, uma “resposta” da Ucrânia aos recentes bombardeios contra Kiev, de acordo com o Kremlin
É claro que falamos de uma resposta por parte do regime de Kiev aos nossos ataques muito eficazes contra um dos seus centros de comando”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
O ataque de drones contra Moscovo, o mais intenso desde o início do conflito na Ucrânia em Fevereiro de 2022, aconteceu após várias séries de bombardeios contra Kiev em poucos dias.
Uma pessoa morreu no ataque mais recente, na madrugada de Terça-feira.
Embora a incursão em Moscovo tenha deixado duas pessoas levemente feridas e provocado danos “menores”, segundo as autoridades, o ataque na capital russa, muito protegida e distante da frente de batalha, tem um grande impacto psicológico no país.
Peskov disse que o presidente Vladimir Putin foi informado em “tempo real” pelo Ministério da Defesa, a prefeitura de Moscovo, pelo governador da região e pelo ministério das Situações de Emergência.
“Não há ameaça no momento para os habitantes de Moscovo e sua região”, declarou o porta-voz.
Os oito drones foram neutralizados pelas baterias de defesa anti-aérea e sistemas de guerra electrónica, anunciou o Ministério da Defesa.
Valentin Yemelyanov, que mora no Sudoeste de Moscovo, perto de um dos locais atingidos, declarou à AFP que “não há pânico” no seu bairro e que a defesa anti-aérea russa “funciona bem”.
“Estamos tranquilos”, disse o trabalhador do sector de tecnologia, de 50 anos. Ele afirmou que o ataque “não surpreendeu”, levando em consideração a escalada do conflito.
Correspondentes da AFP observaram um prédio com as janelas quebradas e com o acesso isolado pela Polícia.
Alguns moradores retirados dos edifícios próximos tomavam chá numa escola próxima e assistiam um antigo filme soviético.
Bombardeios em Kiev
“Todos os serviços de emergência da cidade foram accionados (…) Ninguém ficou gravemente ferido até ao momento”, afirmou o prefeito da capital russa, Serguei Sobianin.
A acção contra Moscovo acontece num momento de multiplicação dos ataques em território russo.
Na semana passada aconteceu uma grande incursão na região de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia.
Kiev, que há várias semanas afirma estar a concluir os preparativos de uma grande contra-ofensiva para recuperar o território tomado pelas forças russas, não reivindicou nenhum ataque.
Mikhailo Podolyak, conselheiro da presidência ucraniana, afirmou nessa Terçafeira que a Ucrânia não tem nenhum “vínculo directo” com o ataque em Moscovo.
Pouco antes do anúncio do ataque com drones em Moscovo, a Ucrânia relatou um novo “ataque em larga escala” contra Kiev durante a noite, o terceiro em apenas 24 horas.
A Força Aérea ucraniana anunciou que derrubou 29 de 31 drones explosivos de fabricação iraniana, “quase todos perto da capital e no céu de Kiev”.
Uma pessoa morreu e 11 ficaram feridas nos bombardeios, informou o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko.
Vários mísseis russos foram lançados durante a Segunda-feira contra Kiev, o que provocou cenas de pânico nas ruas, após uma noite de bombardeios.
Muitos moradores procuraram abrigos subterrâneos, em particular as estações de metro.
Aumento dos ataques
Em Kiev e outras cidades ucranianas, as explosões são parte do dia a dia dos habitantes. Porém, Moscovo e as localidades próximas raramente foram alvos de ataques desde o início do conflito.
As imagens publicadas nas redes sociais mostram vestígios de fumaça no céu. Outras mostram uma janela destruída num edifício.
Testemunhas citadas pelas agências de notícias russas afirmaram que um drone “entrou num apartamento” no 14º andar de um edifício residencial.
Os moradores dos dois edifícios que foram evacuados já retornaram aos seus apartamentos, informou Sobianin.
O Comité de Inquérito da Rússia, responsável pelas principais investigações no país, informou num comunicado que está a analisar a queda de drones em Moscovo e afirmou que vários aparelhos foram derrubados quando se aproximaram da capital.
Moscovo e a sua região, a mais de 500 quilómetros da fronteira ucraniana, quase não registaram ataques com drones, mas este tipo de operação foi registada com mais intensidade nas últimas semanas noutras áreas do território russo.
No início de Maio, dois drones foram derrubados sobre o Kremlin, sede do poder russo, em um ataque atribuído à Ucrânia.
Também foram registrados ataques de drones contra bases militares e infraestruturas de energia na Rússia.