OPaís
Ouvir Rádio Mais
Dom, 20 Jul 2025
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Jornal O País
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Ouvir
Jornal O País
Sem Resultados
Ver Todos Resultados

“Cracolândia” do Cruzeiro resiste aos olhos das autoridades policiais

Domingos Bento por Domingos Bento
14 de Abril, 2023
Em Sem Categoria
Tempo de Leitura: 5 mins de leitura
0
“Cracolândia” do Cruzeiro resiste aos olhos das autoridades policiais

Quando o bolso já não consegue suportar o vício, consumidores deixam aí pertences de valores em troca de pequenas quantidades de drogas. Relógios, fios, calçados, roupas e outros objectos são deixados em mãos de passadores por consumidores em troca de pequenas porções de estupefacientes para saciar o vício que tem contornos elevados

No primeiro contacto com o Largo, no bairro Cruzeiro, no Miramar, em Luanda, parece ser uma área normal, longe de quaisquer perigos.

Mas, num olhar mais detalhado, nota-se o esquema envolvendo o tráfico e o consumo de drogas naquele local.

O pequeno parque, ladeado de casas construídas no tempo colonial, esconde um comércio ilegal que arrasta homens e mulheres que sobrevivem do arrojado esquema Motoqueiros, mecânicos, lavadores de carros e pequenos prestadores de serviços, que chegam à madrugam ao largo, são apontados como os principais passadores da droga que vai parar aos consumidores, a maioria dos quais jovens.

Ao longo do dia o cenário não é tão agitado assim. Mas, a noite, a calminha dá lugar a um movimento estranho e de correrias.

Carros de vários portes e com vidros fumados, motorizadas e até pessoas “apeadadas” chegam ao largo de forma camuflada.

Do porta-bagagem e mochilas saem objectos e encomendas que a nossa equipa não conseguiu flagrar se realmente são drogas.

Mas, em conversa disfarçada com utentes do largo e consumidores do produto, dizem que sim.

Trata-se, segundo eles, de drogas que alimentam de forma ilícita um mercado que não tem respaldo legal.

Contas feitas, o esquema no largo não é um assunto novo. Vem de longe. Mas a carga policial fez diminuir o movimento que cercava a zona.

Para lá, o estupefaciente já arrastou gente de vários estratos sociais, entre anónimos e até famosos. Apesar do tempo, a força da droga resiste naquele largo que, num dos seus pontos, tem um colégio do ensino primário.

A polícia, por sua vez, também não pára de fazer o seu trabalho de supervisão. Como constatamos, a cada minuto o parque é policiado por patrulhas de um lado para o outro. Mas o disfarce dos operadores da droga consegue driblar a acção dos homens da farda.

O comando

Na curta conversa com os utentes do parque, todos negam o contacto com as drogas. Ninguém fala sobre o assunto.

Mas a abrangência e os estragos todos conhecem. Naquele largo, o tráfico de estupefacientes já destruiu e segue na destruição de famílias, grande parte delas de classe media-alta.

Por lá já ficaram muitos salários, apostas e dívidas que terminaram em mortes ou no sumiço de gente que até hoje o tempo não revela o paradeiro.

Quando o bolso já não consegue suportar o vício, filhos de gente com posse e outros de famílias de baixa renda deixam aí pertences de valores em troca de pequenas quantidades de drogas.

Relógios, fios, calçados, roupas e outros objectos são deixados em mãos de passadores por consumidores em troca de pequenas porções de estupefacientes para saciar o vício.

Entretanto, depois de passarem do plafond daquilo que deixam em troca da libanga, cocaína crack e outras substâncias toxicasdependentes, alguns podem até pagar com as suas próprias vidas quando já não têm dinheiro para saldar as dívidas.

Movimentos

Embora o largo seja um espaço público, mas o esquema da droga fez imperar, naquele local, o sentimento de insegurança, medo e desconfiança, o que afasta cidadãos comuns de escalarem o espaço construído para o descanso e lazer dos moradores daquele perímetro.

Homens, supostamente líderes ou mandatados pelos responsáveis do negócio da droga, circulam de um lado para o outro controlando quaisquer movimentos que ponha em risco o comércio.

O andar discreto, olhar atento e a movimentação permanente não escondem a ligação destes homens com o submundo que rende, de forma ilícita, milhões, com todos os prejuízos inerentes às famílias de quem consome.

Todo o cuidado é pouco

PS é lavador de carros e consumidor de drogas há anos. “Boca” é a designação que o jovem, de 28 anos de idade, se refere ao largo.

Aliás, é este o código que os envolvidos no comércio de substâncias ilícitas usam para se referir ao local.

No primeiro contacto com o OPAIS, o jovem demonstra receio para falar sobre o assunto. Depois de alguma insistência, abre-se com a imposição de falar sobre o anonimato.

Não ser identificado é a condição imposta por medo de sofrer represálias da parte de quem comanda o negócio.

Sem revelar o tipo de drogas que consome, PS conta que, muitas vezes, quando não teve dinheiro para pagar o produto, hipotecou bens materiais, inclusive o próprio telefone para saciar o vício.

“Aqui não se brinca. Todo cuidado é pouco.

Muitos de nós entregamos coisas de grande valor para matar a sede da droga.

Mas é a vida que escolhemos”, lamentou.

Tudo pelas drogas

LS é das muitas que têm a vida destruída por frequentar o parque e se envolver com drogas.

Naquele local, ela passa a maior parte dos dias, sobretudo às noites.

Mãe de seis filhos, dois deles a viverem com ela na rua, a jovem, de 39 anos de idade, disse ter perdido tudo por causa das drogas.

“Parte dos pais dos meus filhos não conheço. São pessoas que só tivemos juntos uma vez e dali nunca mais nos cruzamos.

Nos envolvemos porque necessitava usar cocaína e hoje tenho a vida destruída”, afirmou.

Testemunhas das vidas tombadas

DG é outras das testemunhas que disse ver, há anos, vidas a acabarem naquele recinto.

O segurança de uma das unidades hoteleiras que fica nas redondezas do parque, valoriza o facto de o movimento ter diminuído substancialmente, mas lamenta os sonhos e as vidas que ali já tombaram por conta das drogas.

“Nós, que trabalhamos aqui há muito tempo, vimos muitos jovens a se perderem.

Quando já não conseguem sustentar o vício, acabam por trocar coisas de grande valor por uma cocaínazinha.

É triste”, lamentou.

Já foi pior, mas os estragos continuam

TMS é residente numa das casas à volta do Largo.

Conta que é dos mais antigos moradores, tendo herdada a casa do falecido pai.

Ao falar do largo, o mais velho, de aproximadamente 60 anos, refere que a zona já foi pior no que a venda de drogas diz respeito.

Actualmente, frisou, apesar de ainda existirem números de consumidores, mas conta que já se pode dormir um sono tranquilo porque a actuação da polícia fez cair o volume de usuários.

“Isso aqui, nos tempos anteriores, nem poderias encontrar espaço. Era consumo por todo lado.

E muitas famílias destruídas.

E hoje continua, sobretudo aos finais de semana”, contou o ancião.

Policia no empurra-empurra

Sobre o assunto, o OPAIS contactou o porta-voz da Policia em Luanda, Nestor Goubel, que recusou falar, alegando que a abordagem em causa é da esfera de actuação do Serviço de Investigação Criminal (SIC) por ser, esta instituição, que lida com questões que tem a ver com o crime organizado.

Já o porta-voz deste órgão, Manuel Halaiwa, prometeu prestar algum esclarecimento, em coordenação com SIC-Luanda, mas até ao fecho desta matéria não avançou com nenhuma informação a respeito.

Domingos Bento

Domingos Bento

Relacionados - Publicações

Angola regista instabilidades na rede de comunicação após obras na via pública
Destaque

Angola regista instabilidades na rede de comunicação após obras na via pública

19 de Julho, 2025
Empresário angolano detido por incitação à violência contra generais e comissários
Destaque

Empresário angolano detido por incitação à violência contra generais e comissários

19 de Julho, 2025
Missão Técnica Brasil-Angola dá Voz a bolseiros e reforça cooperação para saúde universal
Destaque

Missão Técnica Brasil-Angola dá Voz a bolseiros e reforça cooperação para saúde universal

19 de Julho, 2025
Chineses detidos no Cubango com toneladas de madeira clandestina
Destaque

Chineses detidos no Cubango com toneladas de madeira clandestina

19 de Julho, 2025
OPais-logo-empty-white

Para Sí

  • Medianova
  • Rádiomais
  • OPaís
  • Negócios Em Exame
  • Chiola
  • Agência Media Nova

Categorias

  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos

Radiomais Luanda

99.1 FM Emissão online

Radiomais Benguela

96.3 FM Emissão online

Radiomais Luanda

89.9 FM Emissão online

Direitos Reservados Socijornal© 2025

Sem Resultados
Ver Todos Resultados
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Multimédia
    • Publicações
    • Vídeos
Ouvir Rádio Mais

© 2024 O País - Tem tudo. Por Grupo Medianova.

Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você está dando consentimento para a utilização de cookies. Visite nossa Política de Privacidade e Cookies.