O silêncio da direcção da África Global Logistics (AGL) face a exigências contidas no caderno reivindicativo, no qual reclamam, de entre outros, por melhores salários e pagamento de subsídios, está a deixar centenas de trabalhadores furiosos. Na manhã de segunda-feira, 1 de Dezembro, mais de 400 trabalhadores concentraram-se à porta da instituição para ouvir a comissão sindical. A empresa admite trabalho para a garantia do bem-estar aos trabalhadores
Mais de quatro centenas de trabalhadores pressionaram a comissão sindical a tomar uma posição face à falta de pronunciamento da direcção da AGL, empresa a que estão vinculados. Alguns trabalhadores vêem na comissão uma certa passividade e, por isso, essa viu-se, de certo modo, obrigada a reunir os trabalhadores para esclarecer os passos a serem dados em virtude de, até aqui, não ter havido uma posição da direcção.
O coordenador da comissão sindical, Rafael Marcolino Joaquim, lamenta a posição da empresa de, até à data presente, não ter respondido ao caderno reivindicativo, apesar de acordarem, em sede de uma reunião com a União Nacional dos Trabalhadores de Angola – Comissão Sindical (UNTA-CS), que a resposta viria tão logo se desse entrada da acta produzida. “Mesmo assim, a empresa diz que nós não somos legítimos.
Quem nos legitima é o sindicato provincial e a UNTA. Estes órgãos tiveram toda a paciência em dizer à empresa que nós somos legítimos”, frisou. Rafael descarta, desde já, paralisação, ao adiantar que o encontro de segunda-feira, 01, serviu, numa primeira fase, apenas para informar os passos a serem dados pela comissão sindical. Três funcionários foram, recentemente, despedidos por alegada má conduta.
E, em solidariedade a eles, centenas de funcionários agendaram para sexta-feira, dia 5, uma marcha que os vai levar até à direcção do Porto do Lobito, que é o senhorio, de quem esperam uma posição face ao que tem vindo a acontecer, nos últimos dias, na empresa. “Porque o Porto do Lobito é que nos transferiu.
Somos trabalhadores do Porto do Lobito com contrato em tempo indeterminado. Fomos transferidos para prestar serviços à AGL, num período de 20 anos”, informa Rafael, que não entende como é que, seis meses depois, eles passaram a pertencer à empresa ALT. De acordo com o sindicalista, a empresa a que estão agora vinculados não dispõe de qualificador ocupacional e tabela salarial fixa e viola constantemente os direitos dos trabalhadores.
“Dormimos ao relento, quando não há navegação, e não tem condições de trabalho. A empresa não quer negociar, está a criar instabilidade”, acusa. “Nós estamos abertos para as negociações, mas a empresa insiste em não negociar connosco. Somos 530 trabalhadores que estão com a causa”, revela o sindicalista.
Os trabalhadores apegam-se às declarações da embaixadora da União Europeia, Rosária Bento Pais, para sustentar a tese de que é imperioso o respeito pelos direitos humanos a nível do corredor do Lobito e que as empresas europeias com contrato em Angola não devem praticar salários distantes dos da comunidade. “Temos de ter um salário digno, conforme se ganha na Europa.
Não é o que estamos a ver aqui”, reprova Ernesto Siku, um outro trabalhador, acrescentando que, desde que foram transferidos para a empresa que explora o terminal polivalente, têm observado muitas irregularidades.
“A empresa usa sempre atitudes musculosas com os trabalhadores”, disse. A empresa, entretanto, já se tinha pronunciado sobre esse caso, adiantando trabalho para a garantia do bem-estar social e qualifica as reivindicações como “ilegais”.
Numa nota enviada a este jornal, quando se despoletou o caso, o director da empresa, Jean Yves Lunot, afirmava que a actual comissão sindical não era um interlocutor válido para negociar com a empresa.
POR: Constantino Eduardo, em Benguela









