Foi pelo clamor dos automobilistas angolanos, que dizem se ver impedidos de tratar ou renovar as cartas de condução há meses, que o Jornal OPAÍS foi ao fundo da questão para saber qual tem sido o impacto na vida destes, pelo que ouviu a Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária (DTSER) para esclarecer a situação
Como forma de levar a cabo um dos principais dogmas do jornalismo, o de ouvir o contraditório, foi na Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária, ao bairro Palanca, que a dupla de jornalistas se dirigiu para saber a que se devem as queixas apresentadas pelos automobilistas novos e antigos. A “escolta” no interior da instituição estava montada para receber os jornalistas que iriam testemunhar a efectividade do mais recente portal criado para a emissão de cartas de condução. Lembrando que o portal existe desde Junho do corrente ano.
Os responsáveis da direcção mostravam-se dispostos a mostrar o quão eficiente é o novo portal da DSTER, bem como os seus benefícios. Curiosamente, o primeiro usuário e experimentador, naquela manhã de Quinta-feira, era um mais velho de 62 anos, cuja idade não o impede de possuir literacia digital, algo que ficou comprovado pelo facto de, a partir de casa, com o telemóvel, conseguir fazer o cadastro da emissão da carta de condução e posteriormente ser chamado a agendar a data da impressão do documento.
Vale ressaltar que, no portal, o cadastro é o primeiro passo para a emissão da carta de condução e qualquer outro documento disponibilizado pela Direcção de Trânsito e Segurança Rodoviária. Seguem-se, no entanto, outros processos, como o agendamento e, por fim, a impressão e consequente recepção do documento.
O primeiro interveniente tratase de Mabasi Augusto, professor de profissão há mais de dez anos, que, tendo agora uma viatura, viu a necessidade de andar pelas estradas do país da forma mais legal possível, sem ter de ser constantemente interpelado por agentes da polícia, a exigir os documentos.
Residente no Camama, senhor Mabasi solicitou a carta de condução duas semanas atrás, quando se encontrava no trabalho, depois de tomar conhecimento da recém-criada plataforma, altura em que criou o e-mail requisitado e fez o registro, tendo depois feito o agendamento. Um dia antes da entrevista, o homem tinha sido notificado a comparecer na DTSER, na Quinta-feira (30).
À primeira vista, os passos que Mabasi teve de seguir parecem ser de domínio dos mais velhos, algo que, pelo contrário, deixou Mabassi “muito confortável”. “Senti uma grande diferença neste novo processo, até porque, chegando aqui, já não tenho de aturar a enchente que teria de aturar se viesse antes”, explicou sobre as vantagens.
Portal vai desburocratizar o processo
Para dar mais especificidades sobre o portal agora disponível para cidadãos, falamos com o superintendente-chefe Tomás Colombo, chefe do Departamento de Telecomunicações e Tecnologia de Informação da DTSER. Este começou por explicar que, apesar de apenas agora termos sido chamados para testemunhar o processo, o portal já existe desde Junho do ano em curso.
Segundo afirmou, o portal faz parte de um processo de transformação digital que o Ministério do Interior e a Polícia Nacional estão a viver como forma de desburocratizar o tratamento de documentos e os serviços prestados pela Direção do Trânsito e Segurança Rodoviária.
“Além disso, o sistema visa ‘eliminar’ por completo as fileiras registadas constantemente, sendo assim, o primeiro passo a ser dado é o registro, ou seja, o cadastro no portal da DTSER, que é o dtsr.pn.gov.ao.
Além disso, é uma oportunidade para aqueles que nunca consideraram ter um e-mail vinculado a instituições públicas, pois esse e-mail poderá ser utilizado para acessar outros serviços.
Ora, será preciso ter o e-mail por questões de segurança, pois haverá uma área reservada só para os serviços que são solicitados a partir da DTSER, e ter o controlo, tanto seja um pedido de matrícula, uma reclamação, uma permissão da carta, e de todos os serviços solicitados a partir do portal”, frisou.
A literacia digital é um problema com o qual muitos cidadãos angolanos ainda se deparam, pese embora a evolução tecnológica se mostre mais patente.
Em resposta, Tomás Colombo afirmou que a instituição responsável pela segurança rodoviária também pensou nesta questão e neste público-alvo menos ligado à tecnologia.
Eventualmente, o público poderá encontrar dificuldades, razão pela qual se criou uma área de atendimento com técnicos preparados para dar suporte a estes cidadãos.
 
			 
					




 
							



